Indígenas latinos são transformados sistematicamente em imigrantes por mais de 500 anos!
Nossos marcadores e fronteiras construídas após a colonização não respeitaram e seguem sem respeitar as especificidades culturais, religiosas e espaciais dos povos indígenas.
“Abya Ayala ( “América” / “Terra madura” / “Terra Viva” ou “Terra em florescimento “) é o território ancestral desses povos.
Nossos marcadores e fronteiras construídas após a colonização não respeitaram e seguem sem respeitar as especificidades culturais, religiosas e espaciais dos povos indígenas. Fazendo com que na migração sua identidade étnica seja negada, dificultando a autodeterminação e autonomia desses povos juntamente com os demais indígenas que se reconhecem como “parentes”.
Existe uma lacuna na elaboração de Políticas Públicas integradas entre Federação, Estados e Municípios para minimizar os impactos e sofrimento dessas populações.
Essa semana, cerca de 74 imigrantes indígenas da Venezuela chegaram a Belo Horizonte. Os Warao têm migrado para vários estados do país. A rota migratória parte de cidades venezuelanas, passa por Pacaraima e Boa Vista (RR), Manaus (AM), Santarém e Belém (PA), São Luís (MA), Fortaleza (CE) e Teresina (PI).
A falta sistemática de acolhimento adequado fez com que esses povos promovessem uma interiorização e chegaram também em Minas Gerais e nós mineiros, que somos conhecidos como uma população acolhedora, não podemos promover mais violência a esses povos, que vêm acumulando sofrimento e descaso!
A crise econômica, política e social da Venezuela aliada aos sistemáticos embargos que os governos norte-americanos têm imposto ao país ao longo das últimas décadas, tem agudizado ano a ano a situação econômica do país. Dentro dessa crise, comunidades indígenas ficam ainda mais fragilizadas e são obrigadas a migrar de seus territórios, deixando para trás seus espaços sagrados. Haja vista que os Waraos que chegaram a Belo Horizonte essa semana estão abrigados como se fosse população em situação de rua e não falam nem português nem espanhol.
Algumas instituições têm profissionais que acessam a língua da etnia, como é o caso dos jesuítas, o que traz novamente a marca da colonização, a herança colonial, o assistencialismo e a dominação religiosa sobre esses povos.
Segundo a Agência da ONU para Refugiados (Acnur), desde 2014, cerca de 4 mil indígenas da etnia Warao entraram em solo brasileiro.
Os dados dizem que precisamos elaborar políticas intersetoriais levando em consideração as especificidades indígenas para acolhimento e abrigamento digno.
A migração e a presença dos Waraos, tanto em Minas Gerais como no Brasil, terão continuidade e para que essas pessoas indígenas não sejam vistas como problemas. Devemos promover uma escuta assertiva e descolonizada, uma vez que eles trazem consigo suas bagagens ancestrais e outros saberes acumulados.
A questão indigena ultrapassa o pensamento de direito como moradia digna, mas, pensar como preservar a identidade, potencializando seus saberes e fazeres que podem e devem marcar positivamente os locais onde passarem ou fixarem moradia.
O povo Warao é conhecido como povo das águas e tem muito a nos ensinar sobre resiliência e esperança, precisamos ouvir o movimento dessas ondas que chegam até nós.
Minas Gerais é Abya Ayala!