Implanon: a saúde da mulher merece o cuidado do SUS
Pessoas críticas ao Implanon são as mesmas que têm acesso à clínicas caríssimas e redes de apoio silenciosas para recorrer a um aborto seguro
Mais uma vez, lamentavelmente, acompanhamos outro caso de uma criança que morre em decorrência de abuso sexual e gravidez. Uma menina de 12 anos morreu durante um parto de emergência em Minas Gerais. Esse caso traz vários problemas e precisamos nos ater a todos eles.
Infelizmente, o abuso cometido contra essa criança, que por si só, já é um fato hediondo, ainda está entranhado em alguns territórios brasileiros, principalmente os mais vulnerabilizados. O segundo ponto são os métodos contraceptivos disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS) e como o Governo Federal tem tratado a saúde da mulher e, consequentemente, a pauta da contraconcepção.
O Lula III está promovendo um avanço significativo na saúde das mulheres brasileiras com o implante de um contraceptivo de alta eficácia, que será oferecido gratuitamente pelo SUS a partir do segundo semestre deste ano, o Implanon. O dispositivo é considerado de longa duração, com até três anos de efeito, e será oferecido para mulheres em idade fértil, até 49 anos, o que já é um pontapé inicial para a melhoria real na saúde de mulheres em situação de vulnerabilidade social.
O processo é necessário porque, enquanto uma ínfima parcela da população brasileira menospreza o SUS, criticando os métodos contraceptivos hormonais, mulheres pretas e pobres, em sua maioria menores de 16 anos, ainda morrem tentando fazer um aborto clandestino ou em consequência de complicações gestacionais em um corpo que sequer está preparado para gestar.
Essas pessoas críticas ao Implanon são as mesmas que têm acesso à clínicas caríssimas e redes de apoio silenciosas para recorrer a um aborto seguro, caso precisem. Enquanto isso, meninas e mulheres periféricas, sem esse mesmo privilégio, enfrentam um sistema que lhes nega o básico, inclusive o direito de evitar uma gravidez.
Essa hipocrisia disfarçada de crítica vem recheada de desinformação e ignorância às desigualdades sociais, regionais, econômicas e raciais que atravessam territórios e o acesso à saúde no Brasil.
É urgente falar de contracepção e o Governo Federal tem feito muito bem às nossas meninas e mulheres, ao oferecer o que tem de mais moderno na medicina. Ao todo, serão mais de R$200 milhões investidos para a distribuição e aplicação do método de forma gratuita.
O implante libera progesterona por até três anos, sem precisar lembrar de pílulas diárias. E a fertilidade volta logo após a remoção. Além de prevenir a gravidez indesejada, ainda é um importante aliado no tratamento de endometriose, uma doença que acomete milhares de mulheres e é muito negligenciada.
Isso representa mais conforto, autonomia e menos risco para milhares de mulheres, em especial as que vivem em periferias ou enfrentam vulnerabilidades. É fundamental que essa expansão venha acompanhada de informação e capacitação, para que todas entendam os benefícios e os efeitos, podendo escolher com segurança.
Preciso lembrar que o implante é para evitar a concepção e não substitui a camisinha, que é o método mais eficiente para o combate às ISTs. Implanon no SUS é mais do que contracepção, é empoderamento com saúde, equidade e soberania sobre nosso próprio corpo. Por mais políticas públicas que coloquem a vida das mulheres no centro!