Imersões ao Acre Profundo – Episódio VI: Xapuri
Nossa sexta “Imersão ao Acre Profundo” aconteceu entre os dias 15 e 17 de agosto de 2019. Saímos de Rio Branco em direção ao município de Xapuri, na região do Vale do Alto-Acre, nas comunidades rurais dos antigos seringais do município, hoje abrangidas pela Reserva Extrativista (Resex) Chico Mendes.
Nossa sexta “Imersão ao Acre Profundo” desse nosso segundo mandato de deputado estadual aconteceu entre os dias 15 e 17 de agosto de 2019.
Saímos de Rio Branco, de carro, como de costume, dessa vez pela BR-317, em direção ao município de Xapuri, na região do Vale do Alto-Acre. Em Xapuri, nossos destinos foram as comunidades rurais dos antigos seringais do município, hoje abrangidas pela Reserva Extrativista (Resex) Chico Mendes.
Para adentrar à Resex, além da benção de São Sebastião, padroeiro de Xapuri, é necessário pedir licença: em primeiro lugar, à mãe natureza; em segundo lugar, à memória dos mártires que deram a vida para que a Resex fosse instituída, em benefício de seus posseiros originários.
Percorremos as possessões de boa parte dos antigos seringais e suas respectivas colocações, hoje abrangidas pela Resex: Seringal Floresta, colocações Rio Branco e Taquari; Seringal Nazaré, colocações Peregrino e Nova Vida; Seringal Tupá, colocações Maloquinha e Jarinal; Seringal Lua Cheia, colocações Triunfo e Baixa Verde; Seringal São Pedro, colocações Escondido e Itapiçuma; e Seringal Fronteira, colocações Novo Oriente e Extrema.
O seringueiro contemporâneo não é apenas extrativista: é também pequeno agricultor da agricultura familiar e pequeno pecuarista. As antigas colocações, com suas respectivas estradas de seringa e piques de coleta de castanha convivem com pequenas pastagens para o gado e roçados de culturas diversas: macaxeira, milho, arroz, feijão, dentre outras. As políticas públicas educacionais, levadas a efeito pelos governo da Frente Popular do Acre (FPA), de 1999 a 2018, levou a oferta de todos os segmentos e modalidades da Educação Básica aos rincões mais longínquos e de difícil acesso do Estado.
A estratégia “Saúde da Família”, com o seu programa “Saúde Itinerante”, também fez chegar a atenção básica em saúde a tais comunidades. “Luz para Todos” ou placas solares suprem a demanda por energia elétrica. Motocicletas, quadriciclos e caminhonetes tomaram o lugar das longas jornadas à pé, no lombo de um cavalo ou de carroças, tão comuns há 20 anos atrás.
A grande dificuldade, ainda presente, hoje em dia? Garantia de acesso, pelos ramais (nossas estradas vicinais), o que exige intervenções anuais de máquinas pesadas (tratores, pás-carregadeiras, retroescavadeiras, caçambas, patrol’s) para viabilizar o escoamento da produção e o exercício do direito de ir e vir.
A agricultura, a pecuária, o agronegócio, são todas atividades importantes para uma matriz de desenvolvimento em um país com vocação agro-silvo-pastoril. Há, porém, que se ter equilíbrio entre o crescimento de pastagens e lavouras e a preservação ambiental.
A floresta de pé não é entrave para o crescimento do agronegócio. Os obstáculos são outros, tais como a ausência de mecanização, assistência técnica, acesso ao crédito e garantia de escoamento da produção. Isso sim prejudica os agricultores – pequenos, médios ou grandes – pois não deixa outra alternativa a não ser apelar para o uso do fogo e o constante desmatamento em busca de terra fértil para novas lavouras ou pastagens. Com o emprego adequado da tecnologia e seus insumos, é possível tornar a terra agricultável e produtiva sem a necessidade de novas queimadas ou desmates a cada ano.
Essa nossa 6ª Imersão ao Acre Profundo aconteceu em uma semana onde se divulgou que o desmatamento, no Acre, aumentou mais de 300% desde início dos governos de Jair Bolsonaro (PSL) e Gladson Cameli (PROGRESSISTAS). Poucas semanas depois que o presidente da República contestou dados legítimos sobre desmatamento, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE, demitindo o seu presidente, Ricardo Galvão, cientista respeitado na comunidade científica internacional; semanas após a Alemanha e a Noruega cancelarem suas cooperações e as respectivas transferências de recursos para o Fundo Amazônia, responsável pelo financiamento de centenas de projetos de desenvolvimento sustentável na região; na mesma semana em que fazendeiros declararam a celebração do “Dia do Fogo” na Amazônia, motivados e incentivados pelas declarações erráticas de um presidente insano…
Por tais motivos, essa imersão tornou-se ainda mais simbólica, pois os moradores das comunidades visitadas ainda têm, no extrativismo, a sua principal atividade econômica, fonte de renda e de sustento de suas famílias.
Esse é o sentido e o intuito de nossas imersões: “ver – e conhecer – de perto, para dizer de certo.” Aprendemos isso com as “Caravanas da Cidadania”, de Lula; e com a experiência dos governos populares de Jorge Viana, Binho Marques e Tião Viana. Atualizar esse conceito e praticá-lo, no dia-a-dia da política, é fundamental para parlamentares e gestores de nosso tempo. Temos nos dedicado a essa tarefa, com todo afinco e intensidade, nesse nosso segundo mandato de deputado estadual.
Esperamos que vocês gostem do nosso relato e dos registros.
Até a próxima imersão!