Hitler, Médici e Bolsonaro
Nas paredes do gabinete do então deputado federal Jair Bolsonaro, havia uma verdadeira galeria de fotos de ditadores e, dentre eles, Médici, presidente do período mais sanguinário do regime militar. Durante seu mandato, milhares de brasileiras e brasileiros foram torturados, assassinados sob tortura e desaparecidos.
Nas paredes do gabinete do então deputado federal Jair Bolsonaro, havia uma verdadeira galeria de fotos de ditadores e, dentre eles, Médici, presidente do período mais sanguinário do regime militar. Durante seu mandato, milhares de brasileiras e brasileiros foram torturados, assassinados sob tortura e desaparecidos. Pessoas totalmente indefesas eram colocadas em paus de arara, com braços e pernas amarrados, sem poderem sequer aparar com as mãos as porradas desferidas por facínoras, tais como o coronel Brilhante Ustra. Além das pancadas, davam choques elétricos, estupravam e apagavam cigarros diretamente na pele das vítimas.
Nas últimas semanas, dois membros do governo Bolsonaro plagiaram o discurso de Goebbels, ministro da propaganda de Hitler. A mídia deu grande destaque à fala do secretário de cultura Roberto Alvim, que só foi exonerado 15 horas após o plágio ter sido identificado. No entanto, vem sendo noticiado que o ato de exoneração ainda não foi publicado.
Os mesmos meios de comunicação brasileiros que ficaram estarrecidos com esse discurso teratológico se esqueceram que, há bem pouco tempo, as mesmas censuras contra a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação foram praticadas na ditadura militar.
A farsa da mídia elitista feita agora no governo Bolsonaro possui semelhanças com as realizadas por Médici e Hitler. Desde o golpe contra Dilma Roussef, a propaganda do crescimento econômico e do emprego vem sendo realizada para atacar direitos sociais, trabalhistas e previdenciários. As medidas contra o Brasil do superministro da economia Paulo Guedes, com todas as privatizações, que chegam a entregar até nossa água, são destacadas como positivas e separadas do resto do governo Bolsonaro.
O fato é que essas medidas econômicas são vendidas como se fossem fatores necessários para o Brasil voltar a crescer. Goebbels fazia para Hitler a mesma propaganda de supostos avanços no campo econômico, dizendo que ele tinha livrado a Alemanha da inflação e do caos financeiro. Os nazistas fizeram uma economia de guerra em período de paz, também apoiada por uma elite presenteada com as privatizações. Sem aumentos salariais, acabando com sindicatos, os nazistas empregaram o povo alemão em indústrias armamentistas e nas suas forças armadas. Concomitantemente, escravizaram judeus, comunistas, ciganos, homossexuais, eslavos, testemunhas de Jeová, negros em campos de concentração, enriquecendo mais ainda sua elite. A farsa do crescimento econômico da Alemanha promoveu a maior carnificina da história da humanidade, com mais de 80 milhões de mortos, alemães inclusive.
O milagre econômico da era Médici foi propagandeado pela mídia brasileira de maneira semelhante à que ela faz hoje no governo Bolsonaro, apoiado pela elite milionária e bilionária. A frase lapidar do milagre econômico foi disparada por Delfim Neto, ministro da Fazenda do governo Médici: “é preciso primeiro crescer o bolo para depois dividir”. As elites preferem entregar seus países aos nazi-fascistas do que dividir qualquer migalha do bolo!
Caso não mude de atitude, essa elite será muito mais responsabilizada no futuro pela atual tragédia do governo Bolsonaro, como aconteceu no levante de junho de 2013, quando a multidão gritou: “a verdade é dura, a Rede Globo apoiou a ditadura!”
O magnífico samba-enredo da Mangueira deste ano, de autoria de Manu da Cuíca e Luiz Carlos Máximo, faz a denúncia e mostra que a multidão já acordou!
Favela, pega a visão
Não tem futuro sem partilha
Nem Messias de arma na mão
Favela, pega a visão
Eu faço fé na minha gente
Que é semente do seu chão
Vamos carnavalizar a política e politizar o carnaval.