É muito emocionante testemunhar um momento histórico em que um povo inteiro, milhões de pessoas, independentemente de sua ocupação ou função social, de um país diverso e gigantesco, vibra na mesma sintonia, avança na mesma direção, tem o mesmo desejo e compartilha uma convicção semelhante.

Trata-se de um trabalho artístico, de um filme elaborado, fruto de um árduo processo de atuação, de um roteiro cuidadoso e afetivo, de uma direção e papéis que interpretam um doloroso capítulo da nossa história comum, a história de todos os nossos países.

O filme “Ainda Estou Aqui”, com Fernanda Torres no papel principal, está às portas de uma competição mundial para a qual foi indicado em três categorias: o Oscar 2025.

Pela primeira vez — e não tenho outra referência —, todo um país está atento a uma premiação artística mundial, em meio a um evento festivo monumental como o Carnaval no Brasil, que acontecerá paralelamente à premiação do cinema. É maravilhoso notar que esse evento é assunto de conversa enquanto os blocos, escolas de samba e fantasias estão sendo preparados, aparecendo em todas as telas, nos metrôs, nas rádios, nas praças e nos bares.

Por tudo isso, brilhante e querida Fernanda Torres, e por todo o esforço e tempo dedicados, você já ganhou. Você conquistou o amor deste povo maravilhoso. Vocês já venceram, e todos nós vencemos, com a cumplicidade coletiva em torno do mesmo objetivo, com a recuperação da memória, com a justa e essencial reparação histórica, com a certeza de que “Ainda estamos aqui”.

Você ganhou o reconhecimento de um povo que não quer repetir a história das desaparecimentos.

Você conquistou, através da arte, o direito de ser a identidade de milhões de mulheres, de ser um exemplo de compromisso e resistência diante da dor e das adversidades, sem drama, com um sorriso.

Você ganhou o valor universal do trabalho cultural feito com qualidade e cuidado.

Você conquistou o respeito e o carinho de pessoas que se sentem do sul do mundo. Você conquistou os corações daqueles que acreditam que um mundo novo é possível.

Obrigada, Fernanda Torres.
Viva a arte, viva o cinema!