Feministas e Antirracistas: a voz da mulher negra periférica
Enfrentar o racismo institucional requer uma resposta abrangente que envolva não apenas indivíduos, mas também instituições e o Estado.
O e-book do 1º Seminário da Luta Feminista e Antirracista nos Espaços de Poder e o documentário “A Câmara“, lançados esta semana em Belo Horizonte, trazem importantes debates sobre a participação feminina na política, violência política de gênero e raça e mandatas femininas e antirracistas – possibilidades e desafios.
Mais mulheres negras estão conquistando mais espaços de poder no Brasil. O assunto foi tema no 1º. Seminário da Luta Feminista e Antirracista nos Espaços de Poder – “Seminário Ocupa – Presença de Mulheres e Diversidade nas Casas Legislativas”, realizado pela Fundação João Pinheiro, em setembro de 2023. A pesquisa e o resultado desse trabalho representam um grande passo para enfrentarmos a invisibilidade e toda a violência política sofrida por nós, mulheres negras.
Participei de uma das mesas redondas: “Monitoramento e Avaliação de Mandatas Feministas e Antirracistas”, juntamente com a representante do Instituto Marielle Franco, Fabiana Pinto, e pela Fundação João Pinheiro, Letícia Godinho. Momento muito especial! Encontrar parcerias que desafiam estruturas colonizadoras é inspirador. Reconhecer e priorizar a mudança interna é fundamental para promover uma sociedade mais justa e igualitária.
“Enfrentar o racismo institucional requer uma resposta abrangente que envolva não apenas indivíduos, mas também instituições e o Estado.”
A desigualdade social no Brasil tem cor. Mulheres negras sofrem maior vulnerabilidade social pela falta de estrutura socioeconômica, oportunidades de estudo, geração de renda e de trabalho. Como deputada estadual e membro da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Assembleia Legislativa de Minas, tenho trabalhado por mais direitos, autonomia e defesa das mulheres negras e periféricas, principalmente aquelas que são chefes de família. Um exemplo é a Lei da Moradia Segura para Mulheres, que destina recursos do Fundo Estadual de Habitação (FEH), visando a construção de moradias seguras para mulheres em situação de violência doméstica ou em casos de calamidade pública.
Aprovamos recentemente a Lei de Enfrentamento à Violência Política Contra Mulheres, cujo desafio é apresentar alternativas para todos os tipos de violências sofridas pelas parlamentares, principalmente, nós, mulheres negras, com lutas progressistas. Também está pronto para ser votado no plenário, o Projeto de Lei (PL) dos Métodos Contraceptivos, que proíbe médicos e operadoras de planos de saúde de exigir o consentimento do cônjuge para procedimentos de inserção dos métodos contraceptivos.
Neste segundo mandato, já destinamos mais de R$3 milhões em emendas parlamentares, que estão beneficiando milhares de mulheres negras e periféricas. Estes recursos financiam projetos nas áreas da saúde, social e geração de trabalho e renda. E, para registrar o árduo trabalho das mulheres negras na política, em 2021, por meio de emenda parlamentar, também apoiei a publicação do livro: “Mulheres, Negras e Gestoras – Porque Sim!”, que reúne 14 histórias potentes de mulheres negras de Minas Gerais, refletindo suas trajetórias e posições de destaque na Administração Pública.
Nós, mulheres negras, seguimos atuantes na ocupação dos espaços de poder na política. Com muita coragem, reafirmamos a nossa história de protagonismo, assumindo o legado de luta daquelas que vieram antes. Acompanhe essa pauta! Veja o e-book do Seminário na minha bio do Instagram – @andreiadejesuus