E se tivessem sido negros, indígenas, LGBTQIA+ ou feministas?
A tolerância dos militares com essas quadrilhas deixa claro até que ponto chegou a bolsonarização das Forças Armadas
Uma turma de patetas alienados, politicamente imbecis, enfim, golpistas, invadiram e depredaram o planalto, o congresso e o STF neste domingo 8 de janeiro de 2023. O Brasil precisa começar a tomar a sério o que esses demônios desgovernados podem provocar e tomar medidas imediatas para impedi-los de continuar causando estragos à vida institucional no país.
Não basta haver somente Alexandre de Moraes isolado e sozinho combatendo de frente com essa turma. O novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva precisa confiar na Constituição, na democracia e no poder que lhe foi conferido pelo povo através do voto popular, e encarar uma guerra impiedosa contra toda manifestação golpista que acontece no país. Não dá para deixar essa besta continuar crescendo no colo do descaso da polícia e do exército. É preciso um ato exemplar, uma medida que deixe bem claro para toda a população que o poder total e absoluto está nas instituições.
O que teria acontecido se a invasão e a depredação tivesse sido perpetrada por movimentos antirracistas, por agrupação pela defesa dos direitos da comunidade lgbtqia+, pelo MST, por favelados ou agrupações feministas? Como teria agido a polícia, o exército, e a própria mídia? E se a invasão tivesse sido perpetrada pelo MST em nome do Guilherme Boulos?
Fascistas no epicentro da democracia brasileira
As primeiras colunas chegaram às três da tarde na avenida principal de Brasília, depois de terem percorrido cerca de seis quilômetros desde o Quartel General do Exército, cujas autoridades lhes davam cobertura desde o dia 30 de outubro, quando ali se posicionaram para exigir um golpe de Estado.
Uma vez que ingressaram nos prédios do Planalto, Congresso e STF, destruíram tudo, móveis, estruturas e o que mais odeia, arte e documentos históricos da democracia do Brasil.
A afinidade da polícia com os terroristas ficou evidente quando alguns agentes foram para uma banca de rua comprar água de coco enquanto os invasores furavam os bloqueios da Esplanada dos Ministérios.
Outro indício de cumplicidade foi a ausência em Brasília do secretário de Segurança Pública, comissário Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, que viajou para a Flórida apesar dos claros indícios da insurreição. Torres já havia sido negligente antes da revolta de Bolsonaro em 12 de dezembro, dia em que Lula recebeu o diploma de governante eleito junto com seu vice, Geraldo Alckmin.
Diante dessa sequência de indícios de cumplicidade com o vandalismo, Lula ordenou que a Procuradoria-Geral da República pedisse a prisão de Torres que, segundo relatos, teria se encontrado com seu chefe Bolsonaro em Orlando, na Flórida.
O novíssimo comandante do Exército, general Júlio César de Arruda, não pôde ou não quis (essa segunda opção parece mais provável) levantar o acampamento que ainda permanece no DF, conforme havia dado a entender o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro.
A tolerância dos militares com essas quadrilhas, que consideram “manifestantes com direito de expressão”, deixa claro até que ponto chegou a bolsonarização das Forças Armadas, com a qual o governo democrático, do qual fazem parte ministros de vários partidos, vão ter que lidar.
Em outro momento de seu discurso, Lula também alertou que poderia tomar medidas contra funcionários que não cumprem com suas responsabilidades, expressão que pode ser um alerta para o ministro conservador Múcio, que mais de uma vez parece ser o representante dos militares no o governo. Em vez de fazer cumprir as ordens de Lula dirigidas ao partido militar.
Ao contrário de Múcio Monteiro, o ministro da Justiça, Flávio Dino, montou um gabinete de crise e prometeu investigar até ao osso os mandantes mas também os mandantes e os financiadores.
Por volta das oito da noite, cerca de 170 terroristas começaram a deixar o Planalto e o Congresso, alguns deles algemados, e posteriormente embarcados em viaturas policiais.
Líder dos criminosos, futuramente preso
Desde que partiu para Orlando, no Sul dos Estados Unidos, Bolsonaro passou a ser classificado como virtual foragido da Justiça por líderes do campo democrático, como o senador Randolfe Rodrigues, chefe da bancada do governo. Isso se deve ao fato de que vários processos contra o ex-presidente migrarão do STF para a primeira instância, onde se torna cada vez mais provável que um juiz decida prisão preventiva. Entre os vários processos abertos contra ele estão os que o acusam de atos antidemocráticos perpetrados entre 2020 e 2022, período em que incitou o golpe ao atacar juízes e incentivar sua base a assaltar os palácios de Brasília.
Alexandra Ocasio-Cortez, deputada democrata, twittou neste domingo que “dois anos após o ataque ao Capitólio vemos um movimento tentando fazer o mesmo no Brasil, os Estados Unidos não devem conceder refúgio a Bolsonaro na Flórida”.
Aliás, a comparação do deputado progressista condiz com a realidade. Mas é insuficiente: o ataque deste domingo incluiu os três poderes, em Washington foi apenas um. E em Brasília houve a simpatia ou omissão das Forças Armadas, coisa que não aconteceu em Washington.
A segunda opção para Bolsonaro escapar pode ser se refugiar na Itália, onde sua família já iniciou os procedimentos para obter a cidadania.
Manifestações de apoio à democracia e contra os sediciosos foram expressas pelos presidentes da Colômbia, França, Gustavo Petro e Emmanuel Macron.
O alerta da comunidade internacional foi imediato neste domingo. Seguindo a mesma urgência observada após as eleições de 30 de outubro, quando vários líderes reconheceram o triunfo de Lula, alertaram para o caldo desestabilizador que estava sendo feito no Palácio da Alvorada, residência oficial à época ocupada por Bolsonaro. sediciosas foram manifestadas pelos presidentes da Colômbia, França, Gustavo Petro e Emmanuel Macron.
O alerta da comunidade internacional foi imediato neste domingo. Seguindo a mesma urgência observada após as eleições de 30 de outubro, quando vários líderes reconheceram o triunfo de Lula, alertaram para o caldo desestabilizador que estava sendo feito no Palácio da Alvorada, residência oficial então ocupada por Bolsonaro.
É necessário perguntar de novo: E se esse ato depredatório e golpista tivesse sido perpetrado pelo MST? Mas é uma pergunta sem sentido. O MST não invade nem depreda. O MST ontem dedicou-se a produzir arroz orgânico e outros alimentos para ajudar aos que menos tem ou não tem nada. O MST está do lado dos que mais precisam. Do lado completamente oposto ao lado em que se encontram os vândalos que depredaram os edifícios em Brasilia hoje. O lado do MST é o lado da vida, como ela é em toda sua plenitude.