As manifestações de rua e a violência
Quando as manifestações vão se agigantando e politicamente se tornando importantes ao ponto de interferir na vida política do país é de se esperar que apareçam manifestações de impaciência dos que se utilizam da violência para extravasar sua revolta.
As manifestações de rua no sábado, três de julho, foram enormes, em todo Brasil.
Quando as manifestações vão se agigantando e politicamente se tornando importantes ao ponto de interferir na vida política do país, como está acontecendo agora no Brasil, é de se esperar que apareçam manifestações de impaciência dos que se utilizam da violência para extravasar sua revolta. São muitas as razões para a violência ser utilizada como linguagem. Afinal de contas, que violência é maior do que as centenas de milhares de mortes de brasileiros e brasileiras que poderiam ser evitadas se o governo fosse minimamente responsável e não fosse adepto da morte como política?
O perigo, que faz da violência no contexto das manifestações algo questionável é que, mesmo sem querer, por parte dos que assim manifestam sua indignação e a dor pelas perdas e por todo o sofrimento que vem sendo imposto ao povo brasileiro, é que essa violência é um artifício muito utilizado pelas polícias desde sempre, em todo o mundo, como provocação para tentar isolar as manifestações do resto da população e justificar a repressão.
É a famosa tática policial de se utilizar de agentes infiltrados. Uma tática antiga e manjada das polícias, mas que sempre volta a ser utilizada…
A polícia acende o rastilho e os mais esquentados entram em combustão. E o resultado, quase sempre, é o enfraquecimento das manifestações.
Parte da sociedade passa a não entender e a não se identificar com a mensagem das ruas.
A razão das manifestações fica mais difícil de ser compreendida e, muitos que poderiam ir na próxima, ficam com medo de se manifestar.
E muitos dos que estão se manifestando nas ruas se sentem utilizados e traídos porque foram mobilizados para uma manifestação pacífica.
E, assim, possibilita que a polícia nade de braçada e encontre a justificativa junto à opinião pública para sentar a borracha na rapaziada.
E assim o governo vai levando seu barco, que mesmo afundando, insiste em prosseguir em direção ao nada.