A vida e a morte ou civilização e barbárie
Alexandra Elbakyan, fundadora do Sci-Hub, tem disponibilizado na Internet mais de 62 milhões de artigos grátis à disposição dos pesquisadores. Essa ação deste grupo de militantes é seminal de um modelo de ação de resistência ao capitalismo globalizado e monopolista.
Alexandra Elbakyan, fundadora do Sci-Hub, tem disponibilizado na Internet mais de 62 milhões de artigos grátis à disposição dos pesquisadores. Essa ação deste grupo de militantes é seminal de um modelo de ação de resistência ao capitalismo globalizado e monopolista. Semelhantes às ações do WikLeaks que tiveram a força de mudar o mundo ao revelar como o poder do império trabalha e mantém o Império.
A Via Crucis teve uma função na sua época. O calvário de Julian Assange não é um detalhe, é uma questão central no mundo do século XXI. Repressão imperial exemplar, para desestimular a insurgência.
Esses grupos de ação opitaram por ações contra-hegemônicas de contestação ao totalitarismo do capital que está se construindo no mundo em nome da democracia e da livre concorrência.
Esse tipo de ação vai se tornando cada dia mais constante e vai se afirmando no coração do capitalismo como a negação do “fim do mundo” que estão preparando para a humanidade. Essas ações vêm emergindo principalmente nos países centrais e mais desenvolvidos do sistema. É como se esses rebeldes estivessem dizendo, – o fim do capitalismo e do reino da mercadoria não precisa ser o fim do mundo e nem da humanidade.
Temos estrada pela frente, temos futuro!
Essas ações de contestação frontal demonstram saber da urgência para a humanidade evitar o suicídio coletivo e definitivo.
Essa ação, como modelo, tem muito a ver com a ação dos WikiLeaks. O calvário de Julian Assange não é um detalhe no mundo do século XXI. É uma questão central, exemplar. Quem tiver dificuldades de entender esse significado emblemático dessa crueldade imperdoável, sugiro ler Asterix, o quadrinho francês.
Certamente os insurgentes do século XXI cometem excessos no agir, mas é fundamental para as lutas emancipatórias – todas! Lutas dos povos indígenas, contra o racismo, luta das mulheres, todas as lutas ecológicas e em defesa do meio ambiente-. É preciso evitar que o modelo feche o acesso ao conhecimento da ciência ou da vida política no mundo e consolide o Thermidor que estão preparando para a humanidade. E tudo isso é simplesmente pela usura, por interesses comerciais e geopolíticos menores.
É estratégico para a humanidade enfrentar e não deixar que se consolide a cultura da morte, o nazi/fascismo sem suástica.
A ideologia atual do capitalismo liderado por rentistas e pelo capital financeiro é uma ideologia estéril e que anuncia um totalitarismo radical do mercado. Vão chegar rapidamente a defender a eugenia, sem nenhum pudor, se vencerem essa batalha cultural contra a idéia de democracia.
São os talibãs do reino da mercadoria! São a ideologia e o projeto político da morte, como foram os nazistas ao seu tempo. Refletem os interesses do capital não produtivo, do capital financeiro e do rentismo e de um capitalismo que pensa não mais depender de criar e ampliar mercado. Pensam que não precisam mais dos seres humanos. Não de todos…
Eles demonstram não ter afinidades com florescimento social. Desenvolvimento cultural, nem pensar!
Nem simpatia com a disputa e a concorrência, cantada em prosa e verso nas origens do capitalismo e da democracia.
Os problemas que a vida democrática vem tendo em todo mundo são sintomas dessa fase de transição, dessa passagem para uma nova fase do capitalismo que ainda não está totalmente percebida nem compreendida. E, mesmo sabendo da sua natureza burguesa, a democracia como conhecemos com todos os seus limites, mas que permitiu tantos avanços da humanidade, está ameaçada. E se a passagem do ocidente para um totalitarismo despudorado acontecer, certamente teremos saudades e sentiremos muita falta dessa democracia imperfeita, que não incorporou todos os seres humanos e não foi capaz de abrigar as demandas e necessidades da sociedade que emergiram no seu seios. Daí a ideia da democracia como processo democrático, de obra aberta, em construção e com muita luta pela frente.
Aquela ideia dos liberais, que deram sustentação cultural nos primórdios do capitalismo de que a concorrência estimularia uma capacidade produtiva infinitamente mais rica, criativa e mais fértil e que deveria ser a lógica básica de desenvolvimento do capitalismo, já era!, peça do passado nas hostes do grande capital.
Os neoliberais, a ideologia por excelência do capitalismo globalizado, defende algo que demonstra não ter mais ilusões no capitalismo.
É pura usura, salve-se quem puder, sem pensar no futuro da humanidade e do planeta. Galho seco de um árvore que já foi mais frondosa.