A política, assim como na religião, o mais importante é servir, política é serviço
Sempre me perguntam qual a minha religião. Respondo! Minha religião, assim como na política, é aquela que prega o respeito ao próximo, a tolerância e, mais do que isso, a alteridade.
No Sábado de Aleluia, fui a uma celebração ecumênica da Cerimônia do Lava-pés, no “Centro Espírita e Obras de Caridade Príncipe Espadarte”, conhecido como “Barquinha da Madrinha Chica Gabriel.”
As “Barquinhas”, como são popularmente conhecidas em nossa região, são igrejas de Santo-Daime originárias na (e seguidoras da) doutrina do Mestre Daniel Pereira de Matos. Mestre Irineu (Alto Santo), Mestre Daniel (Barquinha) e Mestre Gabriel (União do Vegetal) seriam, então, os patronos dos três troncos mais tradicionais das religiões ayahuasqueiras nascidas no Acre.
O ecumenismo, por sua vez, tem tido bons frutos aqui em nosso Estado, a partir do trabalho do “Instituto Ecumênico Fé e Política.” Debates, convergências e consensos têm sido construídos em suas diversas reuniões, projetos e ações, que contam com a participação e engajamento de lideranças religiosas e fiéis das mais distintas denominações.
Já o Lava-pés é, para mim, uma das cerimônias cristãs mais bonitas, carregada de simbolismos: humildade, alteridade (enxergar a si próprio no outro, ainda que o outro seja completamente diferente de si), senso de missão e consciência de serviço. Tanto quanto (ou até mais que) na Eucaristia, Cristo demonstrou, no Lava-pés, o mais completo senso de desprendimento e humildade.
Na cerimônia, estavam representantes de diversas denominações religiosas: católicos, evangélicos, daimistas, espíritas, ubandistas… Todos líderes de suas respectivas religiões, imbuídos não só em evangelizar ou pregar os preceitos de suas doutrinas, mas também em derrubar barreiras e construir pontes entre as diferenças de fé.
Me veio em mente duas reflexões:
A primeira de que, na política, assim como na religião, o mais importante é servir. Política é serviço e apenas isso. Representar as pessoas, traduzir os seus anseios, estar aonde queiram que você esteja ou fazer o que esperam que você faça… Conciliar isso tudo com suas próprias vontades, convicções e com os princípios e valores nos quais acredita, tudo isso faz parte do “job”: é nosso dever e nossa obrigação.
A outra reflexão é que sempre que sou visto em um ato ou celebração ecumênica, me perguntam: qual sua religião?
Respondo: minha religião, assim como na política, é aquela que prega o respeito ao próximo, a tolerância e, mais do que isso, a alteridade; é a que acolhe, conscientiza, liberta e emancipa; a que prega a solidariedade, a caridade e o amor; é a que está a serviço dos mais pobres e menos favorecidos, dos que mais precisam, dos que menos podem, menos sabem e menos tem. É aquela que não discrimina, não faz distinção… Que ajuda a dar de beber aos que tem sede e de comer aos que tem fome. É a que não extorque e nem explora a boa-fé, a ingenuidade ou a inocência de seus fiéis, não vende terreno no paraíso nem indulgência para dirimir pecados.
Qualquer religião que fizer isso, será minha também…
Quanto à política, nesse Sábado de Aleluia, apenas agradeço a Deus por renovar minhas energias e me ajudar a levantar, todos os dias, para cumprir com a minha missão, com o meu dever e com o meu serviço.