Por Mayara Gonçalves com colaboração de Isabella Alvim

A seleção brasileira feminina de vôlei sentado estreou com vitória no último dia 27, contra o Canadá e venceram as donas da casa no domingo (29), consolidando o favoritismo na modalidade. O próximo confronto será nesta terça-feira (31), às 22h (horário de Brasília) contra a Itália. E não foi apenas o Brasil que estreou nas quadras de Tóquio, Luiza Fiorese também debutou nas quadras olímpicas, um momento muito especial, pois foi o vôlei sentado que fez a capixaba Luiza voltar a competir e viver o esporte novamente.

Além de atleta, ela também é jornalista. E o seu sonho desde muito nova era conhecer o Japão. Desde que descobriu que o evento seria neste país e coincidiria com o final da sua graduação, ela queria muito ir cobrir os jogos, deixou de pagar a festa de formatura para usar esse dinheiro para a viagem. Mas o que não esperava era uma mudança nos planos como Luiza mesmo diz, “(os planos) não caminharam como o planejado, mas foi da maneira mais perfeita possivel”.

A sua escolha pelo jornalismo foi para “fazer o esporte ficar vivo em mim”. Durante muito tempo ela jogou handebol e depois de um câncer, teve que deixar a modalidade e se afastar das quadras por seis anos até que surgiu um convite feito pela equipe do vôlei sentado, após uma das atletas ver a Luiza na TV e viu ali uma pessoa que podia fazer parte do time. Enquanto participava de um programa televisivo, Luiza não imaginava que acabava de ser descoberta pela jogadora da seleção de vôlei sentado, Gizele Dias, como uma potência para o esporte. Diante disso, a convite de Gizele, a atleta começou seus treinamentos no Sesi-SP em maio de 2019.

As jogadoras nem imaginavam que ela já tinha sido uma atleta e a Luiza, assim como muitas outras pessoas, ainda desconhecem como este esporte pode abranger várias pessoas.

“Não temos muitas informações do que é o atleta paralímpico, a gente acha que o atleta paralímpico é só aquele que não tem um pé, não tem um braço, anda de cadeira de rodas ou não enxerga. Acham que é um mundinho pequeno, mas ele abrange muita gente, muitas causas”, conta a capixaba.

Esse convite chegou em um momento complicado, quando ela ainda passava por algumas cirurgias, então demorou um pouco para ir conhecer a equipe. Porém, quando chegou para conhecer de fato a modalidade, ela conta que “sentei no chão ali dentro da quadra, foi que eu me senti completa de novo, sabe?!”. Foi um momento muito especial e assim começou a sua trajetória de aprender e treinar para os jogos que era um sonho participar.

A atleta, que conheceu o vôlei sentado há dois anos, precisou intensificar seus treinos para conseguir a vaga em Tóquio, e, durante a pandemia, compartilhou toda a adaptação dos treinos presenciais em casa nas suas redes sociais. Conforme a aproximação da estreia nas quadras, a seleção voltou aos treinos coletivos. “ Com a seleção, em julho, nós treinamos em torno de oito horas diárias no Centro de Treinamento Paralímpico em São Paulo”, explica Luiza.

 

View this post on Instagram

 

A post shared by Luiza Guisso Fiorese (@luizafiorese)


Antonio Guedes, técnico da seleção brasileira de vôlei sentado, declarou em reportagem produzida pela Rede Globo que em um ano e meio Luiza conseguiu evoluir tecnicamente e taticamente de uma forma tão grande que conquistou a vaga em Tóquio. “É um fenômeno”, declara o técnico.

Hoje a nossa seleção busca uma tão sonhada final inédita e o vôlei já traz um bronze do Rio 2016. A estreia foi difícil, a vitória veio de virada e concretizada no tie-break, o Canadá vinha de uma sequência maior de jogos e o Brasil sentiu um pouco da falta de ritmo de jogo e um pouco de nervosismo também, “a gente errou bastante e a gente sabe que pode fazer muito melhor do que isso”, mas a experiência das brasileiras pesou. “Eu entrei em momentos pontuais só para sacar e foi bem legal poder estrear, fiquei muito nervosa, mas consegui entrar e fazer o que tava proposto. Poder viver isso tudo e desde os protocolos de entrada, ficar os dois time lá, alinhados, é um sentimento muito legal”, conta Luiza sobre a sua primeira participação nos jogos.

Contra a equipe japonesa, as brasileiras estavam confiantes para alcançar o primeiro lugar no chaveamento e poder cruzar com as segundas colocadas da outra chave, na semifinal. Luiza acredita que depois da estreia, elas podem “mostrar mais o nosso vôlei e é claro que a gente quer chegar nessa final. Essa é a nossa meta e vamos ver como vai acontecer”, finalizou.

Texto produzido em cobertura colaborativa da NINJA Esporte Clube