A ciência e o amor no novo normal
Chegando ao 50* artigo diário da série Direto do Confinamento, parece que está na hora de começarmos a tentar pensar o que será de nós, das nossas vidas, depois da epidemia. Não estou falando do futuro imediato, que está fatalmente presente quando falamos do próprio presente.
Chegando ao 50º artigo diário da série Direto do Confinamento, parece que está na hora de começarmos a tentar pensar o que será de nós, das nossas vidas, depois da epidemia. Não estou falando do futuro imediato, que está fatalmente presente quando falamos do próprio presente. Este nós já sabemos que está contaminado por aquele que nos reserva milhares de mortes evitáveis, obra de estadista psicopata. Vamos tentar enxergar o que esperar do momento de dizermos que a epidemia “passou”.
O “passou” ficou aqui entre aspas para considerarmos, antes de mais nada, a opinião dos que acham que a epidemia não vai passar. Que dado o seu alto poder de contágio, o novo coronavírus permanecerá resiliente, ameaçando as comunidades humanas que não desenvolverem anticorpos contra ele. É sempre bom lembrar que tem gente que não acredita em vacina e vê campanhas de vacinação como coisa de comunistas que querem nos exterminar em massa.
Mas também há os que acham que o novo coronavírus vai se desdobrar em novos coronavírus, que vão nos perseguir até o dia do juízo final. Que o “novo normal” será isso aí: todo mundo usando máscaras, em público, e abraços e beijos, quem sabe, em privado. Uma sociedade ascética vivendo num mundo contaminado.
Eu não me conformo com esse tipo de novo normal. Reconheço que metade da história terá a ver com as condições sanitárias e, também, com as condições ambientais e climáticas, mas a outra metade, que eu espero que seja preponderante, derivará da nossa vontade. A insalubridade não será determinante do nosso espaço natural e social se estivermos determinados a investir o que temos, em recursos materiais e culturais, numa solução duradoura com sanidade, afeto e amor.
Foi por isso que eu escrevi a palavra ciência em primeiro lugar no título deste artigo. Espero que todas as pessoas de bom senso (exclusive os bolsominions) tenham, diante dessa aguda ameaça de um vírus desconhecido, compreendido melhor a importância da ciência para a vida. A melhor solução será uma boa educação, inclusive para os bolsominions. Imaginem como teria ficado a nossa situação sem a orientação dos epidemiologistas pelos meios de comunicação e sem o heroísmo profissional dos que foram treinados pela ciência para enfrentar a epidemia….
Da mesma forma, mais pessoas estarão dispostas a questionar e detonar politicamente os oportunistas que gastam bilhões em estádios e coisas que tais, enquanto escolas e hospitais estão sucateados. Acho que o novo normal deve ser diferente do velho normal: em primeiro lugar, infraestrutura para a vida.
Mais investimento em ciência! Acho que vacinas para o novo coronavírus virão em menos tempo do que ocorre com outros vírus, pois há maior investimento financeiro e intelectual do que antes. O impacto humano e econômico desse vírus o impõe.
Se soubermos resgatar as lições desta crise para obrigar dirigentes a investir em ciência, catalisando-as politicamente, poderemos, SIM, resgatar a saúde viral e climática da atmosfera para os nossos pulmões, como antes. Com isso, teremos a chance de um novo normal, em que as pessoas compensem a atual abstinência forçada de amor e carinho tornando mais exuberantes os sorrisos e gestos de afeto, em qualquer lugar, e mais intensas e compartilhadas cada uma das nossas relações.