Willian tem 31 anos, é negro, homossexual e recebeu a votação mais expressiva da história da cidade. Um ano depois foi o vereador mais jovem a assumir presidência da Câmara

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Por Mauro Utida

A violência de gênero na política invadiu a Câmara da pequena cidade de Quatis, cidade do Sul Fluminense, e o presidente da Casa, Willian Carvalho, está ameaçado de ter seu mandato cassado por ter dado um selinho no seu namorado durante um evento que tinha o objetivo de combater a LGBTfobia.

Um munícipe, aliado a grupos políticos conservadores da cidade, entrou com um requerimento na Câmara pedindo a cassação de Willian por ter beijado o namorado, além de ter homenageado uma mulher trans no Dia da Mulher e por ter recebido o MST (Movimento dos Trabalhadores sem Terra) para uma reunião na Casa Legislativa. “Esta pessoa alega que ofendi às mulheres por homenagear uma trans, decoro parlamentar por ter beijado meu namorado e expressão de ideologias por ter me reunido com o MST”, explica Willian.

Vereadores conservadores da Casa tentam levar o requerimento do munícipe para a Comissão de Ética para tentar a cassação do mandato. O grupo extremista não aceita a presença de Willian no Legislativo desde 2020, quando ele recebeu a votação mais expressiva da história da cidade e um ano depois foi o vereador mais jovem a assumir presidência da Câmara.

Willian tem 31 anos, é negro, homossexual e morador da parte periférica de Quatis. O beijo que gerou toda discussão aconteceu no dia 30 de junho em encontro que fazia parte do programa Rio de Janeiro Sem Lgbtifobia para capacitação, discussão de atendimento e políticas públicas para a população LGBTIQPA+ da cidade do Sul Fluminense.

Veja o vídeo:

 

O presidente da Câmara de Quatis acredita que a pressão deve continuar nos próximos dias, mas os trâmites regimentais para resposta ao requerimento está em execução e deve ser apresentado em até sete dias, informou.

A equipe de Willian Carvalho está produzindo um vídeo para mostrar a violência de gênero dentro do espaço de poder e denunciar os agressores. “Não é aceitável que uma demonstração de carinho seja motivo de punição, ainda mais em um encontro que tinha o objetivo de combater esse tipo de preconceito”, acrescentou.