Promotores solicitaram ao MP-PR que Jorge Guaranho seja julgado em júri popular

Marcelo Arruda (esq.) foi assassinado pelo bolsonarista Jorge Guaranhos no último dia 9 de julho. Foto: Reprodução/Redes Sociais

Por Mauro Utida

O Ministério Público do Paraná reafirmou a motivação política no assassinato do guarda municipal e tesoureiro do PT, Marcelo Arruda, morto a tiros pelo policial penal bolsonarista, Jorge Guaranho, durante sua festa de aniversário em 9 de julho passado, em Foz do Iguaçu.

As alegações finais sobre o processo que investiga o assassinato de Arruda foram apresentadas pelos promotores na última quarta-feira (19). Na ocasião, também foi pedido que o caso vá a júri popular.

Os promotores ainda citaram como fatores de risco em relação a uma possível soltura do réu a proximidade com as eleições, e também solicitaram ao MP-PR que Jorge Guaranho seja mantido preso. O pedido foi fundamentado na própria conduta do réu, que consideraram perigosa para o convívio social.

Segundo o advogado da família da vítima, Ian Martin Vargas, a Justiça irá decidir se o réu vai para júri popular ou não após análise de todas as partes, o que deve acontecer no próximo mês. “Esperamos que mês que vem saia a decisão que mandará o processo ao júri”, informou o advogado.

O crime

No último dia 9 de julho, Marcelo Arruda foi assassinado por Jorge Guaranho aos gritos de “aqui é Bolsonaro”. O agente penal bolsonarista teria sido avisado que uma festa de aniversário com temática petista estava sendo realizada na região. O relatório da Polícia Civil alega que o atirador invadiu o local para “provocar” o aniversariante petista.

Jorge Guaranho foi indiciado por homicídio duplamente qualificado por ter invadido a festa atirando contra o petista. Ele foi ferido com quatro tiros pela vítima, que impediu uma tragédia maior. O acusado segue preso preventivamente no complexo penal de Curitiba.

Inquérito da Polícia Civil paranaense descartou motivações políticas no assassinato do ex-tesoureiro do PT por um bolsonarista, mas o juiz Gustavo Germano Francisco Arguello, da 3ª Vara Criminal do Paraná acatou denúncia do Ministério Público (MP-PR) de que o assassinato do petista foi cometido em razão de “motivação política externada pelo agente penal federal Jorge Guaranho”.

Em depoimento na Comarca de Foz do Iguaçu, no dia 28 de setembro, o policial militar penal Jorge Guaranho alegou amnésia para não responder sobre o assassinato do petista.

Para Vargas, não há dúvida de que o crime contra a vida de Marcelo foi motivado por ódio em face de razões políticas. O advogado também salienta que o policial colocou a vida de dezenas de pessoas em risco, o que indica que a atitude corajosa de Marcelo, ao repelir a injusta agressão, evitou que mais pessoas fossem mortas.

Os advogados da família da vítima também solicitam a investigação de terceiros na participação do crime, que instigaram o assassino a agir de forma cruel contra Marcelo e as demais pessoas presentes, tendo como mote o ódio político, inclusive, com a possibilidade de uma investigação internacional contra o presidente Jair Bolsonaro (PL), que alimenta o ódio político de seus seguidores.

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