Para os advogados da família da vítima, não há dúvidas de que o crime contra a vida de Marcelo foi motivado por ódio em face de razões políticas

Jorge Guaranho é acusado de homicídio qualificado contra o petista Marcelo Arruda. Foto: Divulgação

Por Mauro Utida

O policial militar penal Jorge Guaranho, preso preventivamente pelo assassinato do tesoureiro do PT Marcelo Arruda, alegou amnésia para não responder sobre o crime que aconteceu no dia 9 de julho, em Foz do Iguaçu, durante depoimento. Na ocasião, o acusado invadiu armado a festa de aniversário de Marcelo que tinha como tema o Partido dos Trabalhadores e o ex-presidente Lula gritando “aqui é Bolsonaro” e atirou contra o petista.

O julgamento do processo criminal que apura o crime de homicídio qualificado praticado por Guaranho aconteceu nesta quarta-feira (28) na Comarca de Foz do Iguaçu. Esta sentença em primeira fase do júri pode levar o réu a júri popular. Segundo o advogado da família da vítima, Ian Martin Vargas, o réu optou por ficar em silêncio sob alegação de que não se lembrava dos fatos no dia do crime.

“O juiz concedeu prazo para manifestação final do Ministério Público, de nossa assistência de acusação e da defesa do réu para só então proferir a sentença que enviará ou não para júri popular”, explicou o advogado.

Para Vargas, não há dúvida de que o crime contra a vida de Marcelo foi motivado por ódio em face de razões políticas. O advogado também salienta que o policial colocou a vida de dezenas de pessoas em risco, o que indica que a atitude corajosa de Marcelo, ao repelir a injusta agressão, evitou que mais pessoas fossem mortas.

Os advogados da família da vítima também solicitam a investigação de terceiros na participação do crime, que instigaram o assassino a agir de forma cruel contra Marcelo e as demais pessoas presentes, tendo como mote o ódio político, inclusive, com a possibilidade de uma investigação internacional contra o presidente Jair Bolsonaro (PL), que alimenta o ódio político de seus seguidores.

“Os sucessivos atos de violência política seguintes ao assassinato de Marcelo, com mortes, agressões, intimidações a populares, mulheres e jornalistas, confirmam a necessidade de apuração quanto a responsabilidade da autoridade máxima da Nação, inclusive quanto a instigação por meio de frases, gestos, propaganda, eleitoral ou não, de seus apoiadores na prática desses atos, todos identificados, como no caso de Foz do Iguaçu”.

O crime

No último dia 9 de julho, Marcelo Arruda foi assassinado por Jorge Guaranho aos gritos de “aqui é Bolsonaro”. O agente penal bolsonarista teria sido avisado que uma festa de aniversário com temática petista estava sendo realizada na região. O relatório da Polícia Civil alega que o atirador invadiu o local para “provocar” o aniversariante petista.

Jorge Guaranho foi indiciado por homicídio duplamente qualificado por ter invadido a festa atirando contra o petista. Ele foi ferido com quatro tiros pela vítima, que impediu uma tragédia maior. O acusado segue preso preventivamente no complexo penal de Curitiba.

Inquérito da Polícia Civil paranaense descartou motivações políticas no assassinato do ex-tesoureiro do PT por um bolsonarista, mas o juiz Gustavo Germano Francisco Arguello, da 3ª Vara Criminal do Paraná acatou denúncia do Ministério Público (MP-PR) de que o assassinato do petista foi cometido em razão de “motivação política externada pelo agente penal federal Jorge Guaranho.

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