A Argentina enfrenta uma crise econômica cada vez mais aguda sob comando de Javier Milei. Atualmente, a pobreza atinge 57,4% da população, conforme os últimos dados do Observatório Social do país, da Pontifícia Universidade Católica Argentina (UCA). Este é o nível mais alto registrado em duas décadas.

De acordo com o órgão, a pobreza tem crescido especialmente entre lares das classes trabalhadoras ou aqueles e famílias que dependem de programas sociais. Em dezembro do ano passado, a taxa já estava em 49,5%, refletindo uma tendência preocupante que persiste e se intensifica.

O governo liderado por Javier Milei tem atribuído a responsabilidade pela situação às administrações anteriores, enquanto a oposição aponta para o impacto negativo das medidas de austeridade em curso na economia local.

Economistas alertam que as políticas adotadas pelo governo Milei podem levar a uma recessão profunda, destacando que o anúncio de um pequeno superávit fiscal em janeiro não é motivo para comemoração. O aumento da carga tributária e os cortes nos gastos públicos, especialmente em áreas cruciais como saúde e educação, são vistos como fatores que podem desestimular o consumo e o investimento, exacerbando os desafios econômicos.

Monica De Bolle, economista, enfatizou que o suposto superávit fiscal não reflete uma melhoria real na qualidade de vida dos argentinos, especialmente diante da inflação galopante.

“Se o salário real era de 1 peso e agora houve um aumento nominal de 30% com inflação de 254%, o salário real foi para 37 centavos. Se a economia for destruída, não há crise”, afirmou a economista.

Joseph Stiglitz, laureado com o Prêmio Nobel de Economia, e Nouriel Roubini, renomado economista americano, expressaram preocupações semelhantes, alertando que as políticas adotadas pela Argentina representam um retrocesso perigoso e podem agravar ainda mais a crise econômica e social.

A recessão iminente levanta temores de desemprego em massa, queda na renda da população e aumento da desigualdade social, o que poderia desencadear instabilidade política em um momento já delicado para o país.

Greve de trabalhadores

Nesta quarta-feira (21), o sistema de transporte ferroviário da Argentina foi paralisado por uma série de greves relâmpago de 24 horas, iniciando uma onda de protestos que promete afetar diversos setores nos próximos dias. As paralisações, convocadas por sindicatos setoriais, têm como principal demanda a recomposição salarial em meio à crescente inflação que tem corroído os salários no país.

A medida, liderada pela central sindical CGT, também levanta preocupações sobre a possibilidade de uma segunda greve geral, demonstrando o clima de insatisfação dos trabalhadores argentinos com as políticas econômicas do governo de Javier Milei.

O sindicato exige um aumento salarial significativo, entre 52% e 55%, para compensar a alta inflação. Maturano enfatizou que estão buscando uma mera recomposição salarial diante do aumento dos preços, chamando-a de “atualização.

A situação tende a piorar nos próximos dias, com previsão de paralisação dos funcionários da saúde para o dia seguinte, afetando clínicas, sanatórios, hospitais privados, laboratórios e lares de idosos em todo o país.

Hoje também foi realizada uma coletiva de imprensa de organizações sociais, muitas delas coordenam refeitórios populares que estão em emergência alimentar: como parte do ajuste, o governo de Milei decidiu não enviar nenhum tipo de investimento para esses espaços. Há cerca de 38.000 refeitórios populares no país que são espaços de contenção essencial para milhões de argentinos.

Além disso, os sindicatos de professores afiliados à CGT afirmaram que devem conduzir uma greve para segunda-feira (26), justamente quando deveriam começar as aulas em várias províncias argentinas. A crise na educação é agravada pela discussão em torno de um novo piso salarial para os professores, em meio ao corte de um fundo complementar pelo governo federal.

Os sindicatos também estão em conflito com o novo governo de Milei devido a medidas econômicas controversas, incluindo a flexibilização das relações trabalhistas e a desregulamentação de sindicatos.

Enquanto isso, os argentinos enfrentam um cenário de incerteza e dificuldades, com a economia já fragilizada do país sofrendo ainda mais com as consequências dessas paralisações.