Foto via FENAJ

Um mapeamento feito pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) mostra que o Brasil registrou, no ano passado, um aumento de 79% no número de ataques contra mulheres jornalistas ou com viés de gênero.

Ao todo, foram 119 ocorrências desse tipo, o que corresponde, em média, a um episódio de violência a cada três dias. As informações foram divulgadas em coluna de Mônica Bergamo, na Folha de São Paulo.

Entre as jornalistas mais atacadas estão a apresentadora da CNN Brasil Daniela Lima, a repórter da Folha Patrícia Campos Mello e a colunista do UOL Juliana Dal Piva, entre outras.

Segundo a Abraji, 95% dos autores identificáveis dos episódios de violência eram homens, 68% das agressões se iniciaram no meio online e 60% dos casos envolveram a cobertura política.

O levantamento ainda revela que 52% desses autores identificáveis por trás dos ataques eram autoridades públicas. Nesse segmento, os que mais agrediram mulheres jornalistas foram o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o deputado federal Carlos Jordy (União-RJ), com oito ataques cada um, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) e o assessor especial da Presidência Tercio Arnaud Tomaz, contabilizando sete ataques cada, e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (União-SP), responsável por cinco outros ataques.

“O apelo ao gênero e à sexualidade não é incidental: em sociedades com presença de valores conservadores, esse tipo de ataque é uma forma de minar a credibilidade do jornalismo profissional e de desviar a atenção do conteúdo da notícia”, afirma a Abraji.

Campo minado: os ataques sofridos por jornalistas em coberturas esportivas

Ataque à liberdade de imprensa

Em janeiro de 2021, a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) havia divulgado que 41% dos ataques a veículos de comunicação também foram feitos pelo próprio presidente da República, Jair Bolsonaro, dentre tentativas de descredibilização, agressões verbais e ameaças. Grande parte dessas ocorrências foram destinadas a mulheres.

No ano seguinte, um novo recorde. O número de agressões a jornalistas e a veículos de comunicação em 2021 subiu para 430 casos, dois a mais que os 428 registrados em 2020. “Uma verdadeira explosão das violações à liberdade de imprensa no Brasil”, afirmou a entidade. O presidente Jair Bolsonaro, mais uma vez, figurou como o principal agressor. Sozinho ele foi responsável por 147 casos (34,19% do total), sendo 129 episódios de descredibilização da imprensa e 18 de agressões verbais a jornalistas.