O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apresentou uma proposta ambiciosa durante a 1ª Reunião de Ministros de Finanças e Presidentes de Bancos Centrais da Trilha de Finanças do G20, realizada nesta quarta-feira (28). Em seu discurso, Haddad convocou os países a unirem esforços para taxar as grandes fortunas como um meio de promover uma contribuição mais justa dos bilionários do mundo nos impostos.

“Acreditamos que uma tributação mínima global sobre a riqueza poderá constituir um terceiro pilar da cooperação tributária internacional”, enfatizou Haddad, destacando a importância de avançar nas negociações em andamento na OCDE e ONU.

Além da questão fiscal, Haddad também abordou os desafios da desigualdade e das mudanças climáticas como temas centrais a serem enfrentados de forma conjunta pelos países do G20. Ele destacou a necessidade de uma nova abordagem para a globalização socioambiental, onde a desigualdade social é colocada no centro das análises econômicas.

“A desigualdade não deve ser apenas tratada como uma preocupação social, mas sim como uma variável fundamental para análise de políticas econômicas”, ressaltou o ministro.

Haddad relacionou o abismo entre os super-ricos e as populações mais pobres ao desafio climático, apontando que a crise climática se tornou uma verdadeira emergência global, com países menos desenvolvidos economicamente sendo os mais prejudicados pelos seus impactos.

“A crise climática ganhou força, tornando-se uma verdadeira emergência. Países mais pobres devem arcar com custos ambientais e econômicos crescentes”, alertou Haddad.

Diante desse cenário, o ministro defendeu a necessidade de um novo entendimento sobre globalização e cooperação internacional, diferente do modelo predominante até a crise financeira de 2008, que, segundo ele, gerou grandes perdas socioeconômicas.

“A atual reação à globalização pode ser atribuída ao tipo específico de globalização que prevaleceu até a crise financeira de 2008”, observou o ministro.

Haddad encerrou seu discurso instando os países do G20 a adotarem uma abordagem mais inclusiva e sustentável para enfrentar os desafios globais, colocando a justiça fiscal, a redução da desigualdade e a mitigação das mudanças climáticas no centro de suas agendas políticas e econômicas.

Cinco mais ricos dobraram riquezas desde 2020

Como publicado pela NINJA, os cinco homens mais ricos do mundo viram suas fortunas mais que dobrarem desde 2020, atingindo a marca de US$ 869 bilhões, enquanto quase cinco bilhões de pessoas enfrentam uma crescente pobreza, revela o relatório “Desigualdade S.A.” da Oxfam. A riqueza dos cinco homens mais ricos cresceu assustadores 114% desde 2020, a uma taxa impressionante de US$ 14 milhões por hora.

No Brasil, a desigualdade também se reflete nos números. O rendimento médio das pessoas brancas é mais de 70% superior ao das pessoas negras. Além disso, o 0,01% mais rico detém surpreendentes 27% dos ativos financeiros do país, enquanto os 50% mais pobres têm acesso a apenas 2%.

“Os super-ricos concentram cada vez mais não apenas riqueza mas também poder. Isso agrava as desigualdades globais de maneira absurda”, afirma Katia Maia, diretora executiva da Oxfam Brasil.

“No Brasil, a desigualdade de renda e riqueza anda em paralelo com a desigualdade racial e de gênero. Nossos super-ricos são praticamente todos homens e brancos. Esse pacto da branquitude representa um atraso no desenvolvimento do país e um imenso obstáculo para a construção de um Brasil mais justo e menos desigual.”

A disparidade entre ricos e pobres atingiu níveis alarmantes, com a organização alertando para a possibilidade de o mundo ter seu primeiro trilionário em uma década, enquanto a erradicação da pobreza pode levar mais de dois séculos.

O relatório destaca que sete das 10 maiores corporações do mundo têm um bilionário como CEO ou principal acionista, com essas empresas alcançando um valor combinado de US$ 10,2 trilhões, superando o PIB somado de toda a África e América Latina.

A Oxfam defende a necessidade urgente de medidas para interromper esse ciclo de acumulação de riqueza, incluindo a implementação de serviços públicos eficientes, regulamentação de empresas, quebra de monopólios e criação de impostos permanentes sobre riqueza e lucros excedentes.

O relatório também destaca a concentração de lucros extraordinários nas mãos dos mais ricos, com as 148 maiores empresas do mundo lucrando US$ 1,8 trilhão, 52% a mais do que a média dos últimos três anos. Enquanto isso, quase 800 milhões de trabalhadores ao redor do mundo enfrentam salários estagnados e empregos precários, perdendo US$ 1,5 trilhão nos últimos dois anos.

*Com informações da Agência Brasil