Aliados de Lula avaliam que o diálogo entre o novo governo e Augusto Aras somente será aberto após a Lindôra Araújo deixar a vice-presidência da PGR

Vice-PGR é braço direito de Augusto Aras. Foto: Divulgação/AFP

A vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araújo, está sem credibilidade com o novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e deverá deixar o cargo para que o presidente eleito comece a abrir diálogo com o procurador-geral da República, Augusto Aras, que encerrará o seu segundo mandato em setembro de 2023.

Aliados de Lula avaliam que o diálogo entre o novo governo e Aras somente será aberto após a Lindôra deixar a vice-presidência da PGR.

“Embora Aras também tenha a imagem atrelada ao atual presidente, Lindôra é vista como mais bolsonarista e próxima da família, razão pela qual seu nome desagrada ao governo eleito”, destacou o jornal Folha de S. Paulo.

“O entorno de Lula considera que a permanência de Lindôra em cargo estratégico na PGR inviabiliza o diálogo com a cúpula da instituição”, completa a reportagem.

Lista tríplice

Em meio ao trabalho da equipe de transição, integrantes do MPF (Ministério Público Federal) desempenham nos bastidores uma estratégia para convencer Lula a seguir a lista tríplice na escolha do procurador-geral da República.

O petista tem evitado falar na sucessão de Augusto Aras e, perguntado se seguiria a lista da categoria para escolher o próximo ocupante do cargo, tem dito que ainda não tomou essa decisão.

A lista tríplice é organizada pela ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República) que indica três candidatos a ocupar a principal cadeira do Ministério Público. Essa lista é enviada para o presidente da República, que pode ser acatada ou não. Bolsonaro, no caso, indicou um procurador de sua confiança e descartou os nomes indicados.

A troca de comando no cargo ocorre a cada dois anos.

Integrantes da equipe de transição de Lula porém, dizem que os Grupos de Trabalho (GTs) estão focados nos temas centrais que serão abordados pelo futuro governo nos primeiros cem dias de gestão e que a sucessão na PGR não está no escopo central desta diretriz.

Engavetadora da República

Lindôra é alvo de uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) por prevaricação. A vice da PGR é acusada de arquivar as investigações contra Bolsonaro baseadas no relatório da CPI da Covid, além de se recusar a enviar dados sobre a CPI para a investigação da Polícia Federal.

Lindôra é braço direito do procurador-geral da República Augusto Aras e recentemente chegou a defender a rejeição de pedido para incluir a deputada Carla Zambelli (PL-SP) e o pastor Silas Malafaia como investigados no inquérito das milícias digitais do STF.

A vice-procuradora-geral da República também defendeu o orçamento secreto pelo Congresso Nacional durante a apreciação pelo STF da constitucionalidade do mecanismo criado na gestão de Bolsonaro como moeda de troca para obter apoio de parlamentares.

Com informações do UOL e Folha de S. Paulo

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