Governo exonera chefes da fiscalização do Ibama que coordenaram ação contra garimpo em terras indígenas
Maquinários foram destruídos, a atividade ilegal de grileiros e garimpeiros denunciada e alguns envolvidos presos. O garimpo era de cerca de 1 milhão de metros quadrados.
Uma megaoperação do Ibama feita no início de abril nas terras indígenas Apyterewa, Trincheira Bacajá e Kaiapó, no interior do Pará, flagrou campos de garimpo em plena atividade. Maquinários foram destruídos, a atividade ilegal de grileiros e garimpeiros denunciada e alguns envolvidos presos.
Por essa operação o major da Polícia Militar de São Paulo Olivaldi Borges Azevedo foi exonerado da direção de Proteção Ambiental do Ibama no dia 14 de abril. Agora, nesta quinta-feira, 30 de abril, o coordenador-geral de fiscalização ambiental, Renê Luiz de Oliveira, e o coordenador de operação de fiscalização, Hugo Ferreira Netto Loss, também foram exonerados pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e pelo presidente do Ibama, Eduardo Bim.
Os dois eram os principais responsáveis por operações do Ibama contra garimpeiros e contra madeireiros ilegais na Amazônia. Servidores do Ibama disseram que as duas exonerações são uma retaliação de um governo que é parceiro do agronegócio e de desmatadores.
A mesma região foi alvo de uma operação da Polícia Federal com o Ibama em outubro do ano passado. Na ocasião, os agentes encontraram pás-carregadeiras, tratores, motores-bomba, mercúrio, pedrinhas de ouro e munição de diversos calibres, avaliados em mais de 2 milhões de reais – os garimpeiros com as armas não foram encontrados porque fugiram para dentro da floresta quando as autoridades chegaram. O tamanho do garimpo era de cerca de 1 milhão de metros quadrados. Nesta quinta-feira, dia 30, a PF prendeu dois homens em outro garimpo ilegal na terra dos Tapajós, também no interior do Pará. Eles portavam cinco armas, telefones do tipo satelital e 21.000 reais em espécie.
Alerta
A Amazônia está sob alerta. A extração ilegal de madeira só cresce. Dados mostram que o desmatamento nesses últimos oito meses atingiu uma área de nada menos que 5.076 quilômetros quadrados da Amazônia, mais de três vezes o tamanho da capital paulista, com seus 1.521 km². Esse volume de corte na floresta é quase o dobro do que foi verificado no mesmo intervalo anterior, de agosto de 2018 a março de 2019, quando 2.649 km² de floresta foram devastados. Se observado o intervalo de agosto de 2017 a março de 2018, o número era ainda menor, de 2.433 km².
Os povos indígenas que vivem na região estão também sob alto risco de contaminação por coronavírus. A APIB – Articulação dos Povos Indígenas do Brasil já contabiliza 101 casos e 16 mortes entre indígenas, sendo sua grande maioria na região amazônica. Parte dos objetivos da operação realizada era impedir o avanço do coronavírus nessas comunidades.
https://midianinja.org/news/combate-a-garimpo-ilegal-pode-ser-motivo-de-retaliacao-no-ibama/