O Secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, anunciou hoje (21), durante sua visita ao Egito, que os EUA estão prontos para aprovar uma resolução no Conselho de Segurança da ONU, que ordena um cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza. “Apresentamos uma resolução ao Conselho de Segurança pedindo um cessar-fogo imediato ligado à libertação dos reféns, e esperamos que os países a apoiem”, afirmou Blinken ao noticiário Al Hadath durante sua visita à Arábia Saudita.

O texto da resolução, obtido pelo jornalista Jamil Chade, enfatiza “a necessidade de um cessar-fogo imediato e duradouro para proteger os civis de todos os lados e permitir a entrega de ajuda humanitária”, além da libertação dos reféns israelenses e palestinos sob domínio das forças armadas de Israel.

Até o momento, não foi agendada nenhuma votação para discutir a iniciativa. Essa não é a primeira vez que os EUA afirmam que trabalham por um cessar-fogo, mas é a primeira vez que uma autoridade afirma que irá colocar a proposta em votação no Conselho de Segurança. Os EUA vetaram todas as resoluções que pediam um cessar-fogo imediato.

Os mediadores internacionais, incluindo os EUA, o Qatar e o Egito, afirmam estarem trabalhando para alcançar uma trégua, no entanto, até o momento, sem sucesso. O Hamas propôs anteriormente uma trégua de seis semanas, exigindo a libertação de reféns israelenses e a retirada do exército israelense de Gaza, juntamente com um aumento do fluxo de ajuda humanitária, mas a medida não foi aceita por Benjamim Netanyahu, primeiro ministro de Israel.

Enquanto isso, a situação humanitária em Gaza continua a deteriorar-se. Organizações não governamentais e agências da ONU alertam para o risco iminente de fome na região, especialmente no norte de Gaza.

O Alto Comissário da ONU para Direitos Humanos, Volker Turk, acusou Israel de bloquear a ajuda humanitária, alertando que isso “pode ser equivalente ao uso da fome como método de guerra”.

Blinken afirma que 100% da população em Gaza está em insegurança alimentar grave

Na última semana, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, criticou Israel e afirmou que a situação humanitária enfrentada pelos palestinos em Gaza é muito grave. De acordo com Blinken, “100% da população de Gaza enfrenta níveis severos de insegurança alimentar grave”, marcando a primeira vez que uma população inteira é classificada dessa maneira. Mais de 2,5 milhões de palestinos estão agora vivendo sob escombros no Norte de Gaza.

No mesmo dia, Israel pediu para Corte Internacional de Justiça (CIJ), em Haia, que não os obrigue a permitir entrada de mais ajuda humanitária na Faixa de Gaza. Israel está enfrentando um julgamento em que pode ser condenado por crimes de genocídio no tribunal.

As declarações de Blinken agravam a situação de Israel diante da comunidade internacional, principalmente após a morte de mais de 100 palestinos em uma fila de comida. A posição também destaca a urgência de aumentar o envio de ajuda humanitária ao território palestino, que tem enfrentado um período contínuo de massacre e instabilidade.

Desde o início dos bombardeios israelenses, em outubro de 2023, Gaza tem sido alvo de uma operação aérea e terrestre por parte de Israel, resultando em danos devastadores, com mais de 30 mil mortes, a maioria de crianças e mulheres, e agravando ainda mais a situação humanitária do território, que já vinha sendo alvo de violações de direitos.

Um relatório recente publicado por várias agências das Nações Unidas alertou que um em cada dois habitantes de Gaza está vivendo em uma situação humanitária “catastrófica”. Além disso, há o temor de que a fome atinja a parte norte do território já em maio, segundo as previsões.

Martin Griffiths, coordenador de ação humanitária da ONU, fez um apelo urgente a Israel para permitir a entrada livre de ajuda internacional na Faixa de Gaza, ressaltando que “não há tempo a perder” diante da iminente crise humanitária.

Israel contra envio de ajuda humanitária

Israel solicitou à Corte Internacional de Justiça que não emita ordens de emergência para aumentar a ajuda humanitária a Gaza, classificando o pedido da África do Sul como “moralmente repugnante”. Em resposta às acusações de genocídio liderado pelo Estado em Gaza, Israel negou causar sofrimento deliberado e argumentou que suas ações “visam proteger vidas inocentes”.

A CIJ havia anteriormente ordenado a Israel que se abstivesse de atos enquadráveis na Convenção de Genocídio.