Decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, cita ‘capacidade socioeconômica’ de empresários para financiar ações contra a democracia e o estado de direito

Empresários bolsonaristas alvos de investigação em inquérito que apura possível golpe no Brasil, caso Lula volte à presidência

Nessa segunda-feira (29), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), retirou sigilo da decisão que autorizou busca e apreensão contra grupo bolsonarista que debatia ruptura democrática. Na decisão, Moraes escreveu que não há dúvidas da possibilidade de “atentados contra a democracia e o estado de direito” na conduta dos empresários.

“Não há dúvidas de que as condutas dos investigados indicam possibilidade de atentados contra a Democracia e o Estado de Direito, utilizando-se do modus operandi de esquemas de divulgação em massa nas redes sociais, com o intuito de lesar ou expor a perigo de lesão a independência do Poder Judiciário, o Estado de Direito e a Democracia”, escreveu.

Para o ministro, os inquéritos das fake news, que apuram disseminação de informações falsas; e o das milícias digitais, que investiga grupos organizados que atuam na internet contra as instituições democráticas, dos quais ele também é relator, tornam imprescindíveis investigações sobre os empresários.

“Revelando-se imprescindível a adoção de medidas que elucidem os fatos investigados, especialmente diante da existência de uma organização criminosa identificada no Inq. 4.874/DF e também no Inq. 4.781/DF, ambos de minha relatoria”, continuou Moraes.

Segundo Moraes, as mensagens golpistas trocadas pelos empresários – reveladas pelo site Metrópoles – se assemelham aos casos investigados nesses dois inquéritos, “notadamente pela grande capacidade socioeconômica do grupo investigado, a revelar o potencial de financiamento de atividades digitais ilícitas e incitação à prática de atos antidemocráticos”, diz o ministro.

Ao autorizar as buscas e apreensões nos endereços dos investigados, Moraes disse que havia indícios de irregularidades que justificavam a procura por provas. A ação, segundo ele, estava “devidamente motivada em fundadas razões que, alicerçadas em indícios de autoria e materialidade criminosas, sinalizam a necessidade da medida para colher elementos de prova relacionados à prática de infrações penais”, afirma.

No conteúdo das mensagens reveladas pelo colunista Guilherme Amado, do Portal Metrópoles, os empresários debatiam a possibilidade de um golpe caso o presidente Jair Bolsonaro perca a eleição para o ex-presidente Lula (PT).

Empresas e empresários envolvidos:

  • Luciano Hang, Havan
  • Marco Aurélio Raimundo, Mormaii
  • José Isaac Peres, rede de shopping centers Multiplan
  • Ivan Wrobel, Construtora W3
  • José Koury, Barra World Shopping,
  • André Tissot, Grupo Serra
  • Meyer Nigri, Tecnisa
  • Afrânio Barreira, Grupo Coco Bambu

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