Dados divulgados nesta segunda-feira (24) pela Prefeitura de São Paulo mostram que a população em situação de rua cresceu 31% na capital em relação a 2019. O novo Censo também mostra que 18 em cada 100 pessoas vivem há menos de um ano nas ruas. O primeiro levantamento foi feito em 2000. Na época, em cada 10 mil paulistanos, 8 viviam na rua. Em pouco mais de duas décadas, a proporção saltou para 26.

O padre Júlio Lancellotti, que atua em defesa da população de rua na capital, criticou a pesquisa em suas redes sociais. “Censo com metodologia inadequada aponta crescimento não real”, escreveu. Em vídeos que divulgou durante a manhã desta segunda-feira (24), o padre perguntava a diversas pessoas que se abrigavam nas ruas se elas foram questionadas em pesquisa da Prefeitura. Todos negaram a pergunta. Para o padre, como o censo poderia contar com exatidão que há 31.884 pessoas em situação de rua se todos têm relatado que não foram abordados pelo Qualitest, empresa contratada pela Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS)? “Esse censo é uma mentira”, disse em um dos vídeos.

Conforme os dados divulgados pela Prefeitura, o levantamento foi feito entre outubro e dezembro de 2021 e ainda indica uma mudança do perfil daqueles que não têm um lar. Dos 31.884 sem teto, 28% afirmariam viver com ao menos um familiar, somando 8.927 pessoas.


Denúncia

Na última semana, o padre Julio Lancellotti também publicou uma série de denúncias contra as ações da zeladoria urbana da Prefeitura de SP na retirada de pertences da população em situação de rua na região do Centro da capital paulista. Na quinta-feira (20), moradores tiveram seus pertences confiscados na região da Praça da Sé.

Agentes da Guarda Civil Metropolitana (GCM) participaram da ação com a zeledoria. Pelas imagens divulgadas, é possível ver colchões sendo retirados e moradores de rua reivindicando a posse dos pertences colocados dentro de um caminhão.

A vereadora Erika Hilton também repostou o vídeo do padre Julio mostrando a apreensão. Ela já tinha entrado com um ofício na Subprefeitura da Sé sobre denúncias de munícipes residentes no Centro informando sobre as ações ilegais de zeladoria urbana no local. Erika Hilton pediu ao Ministério Público do Estado de São Paulo que apure as denúncias dos moradores do Centro e também recomende a suspensão da retirada de pertences das pessoas da Praça da Sé.