Roberto Jefferson, um dos principais aliados de Bolsonaro e condenado por corrupção, atirou em agentes da Polícia Federal

Bolsonaro e Roberto Jefferson se reúnem no Palácio do Planalto 01/09/2020. Foto: Reprodução / Facebook / PTB

Por Mauro Utida

O ataque com tiros de fuzil e granada contra agentes da Polícia Federal pelo ex-deputado federal Roberto Jefferson durante o cumprimento do mandado de prisão contra o presidente de honra do PTB, neste domingo (23), foi classificado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como resultado do ódio, violência e desrespeito às leis que o presidente Jair Bolsonaro (PL) prega.

Horas depois do atentado de Jefferson, que feriu os agentes federais Karina Miranda e Marcelo Vilela ao resistir à prisão em sua mansão em Comendador Levy Gasparian (RJ), a campanha de Lula divulgou um vídeo em que mostra a relação de Bolsonaro aos níveis “alarmantes de violência” influenciado pelo discurso de ódio e antidemocrático do candidato à reeleição.

O vídeo mostra imagens de bolsonaristas atacando padres e cenas do assassinato de Marcelo Arruda por um apoiador de Bolsonaro em Foz do Iguaçu, no Paraná.

“Roberto Jefferson, um dos principais aliados de Bolsonaro e condenado por corrupção atirou na Polícia Federal”, diz o vídeo. “Precisamos acabar com o ódio e a violência. O Brasil precisa de paz. Bolsonaro nunca mais”, emenda.

Roberto Jefferson segue preso

O presidente de honra do PTB foi encaminhado ao presídio de Benfica, na zona norte do Rio de Janeiro, no início da madrugada desta segunda-feira (24), mas deverá ser transferido para Bangu 8, no Complexo Penitenciário de Gericinó, ainda nesta segunda.

Após resistir à prisão com tiros de fuzil e uma granada, ele se entregou à noite, após 8 horas de descumprimento da ordem de prisão expedida pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Na avaliação de Rafael Capanema, do Núcleo – Jornalismo Inteligente sobre Redes Sociais – a prisão de Roberto Jefferson foi um show deprimente nas redes e classificou como “um dos dias mais infames da história brasileira recente”.

“O que teria acontecido se o ex-deputado fosse um homem negro? E por que um preso domiciliar tinha armas em casa?”, questionou em sua coluna no Núcleo.

O momento que tem gerado muitas críticas é um vídeo gravado dentro da casa de Jefferson que mostra uma conversa amistosa com um policial federal, que chega a rir depois de o ex-deputado dizer que as granadas eram “de efeito moral”.

O colunista também lembra que bolsonaristas agrediram covardemente o cinegrafista Rogério de Paula, da afiliada local da rede Globo, na frente da casa do ex-deputado federal.

Já o presidente Jair Bolsonaro rapidamente tentou se descolar do ex-aliado, chamando-o de “bandido” e “criminoso”. Bolsonaro havia dito, inclusive, que não tinha nem fotos com Jefferson, uma mentira que rapidamente começou a ser desmentida nas redes.

Mais tarde, no podcast DL Show, Lula questionou a atuação do ministro da Justiça, Anderson Torres, que foi enviado por Bolsonaro para o Rio de Janeiro para acompanhar o caso envolvendo a prisão do ex-deputado Roberto Jefferson. “Ele teve a petulância de mandar o ministro da Justiça lá. Pra proteger quem? Um cidadão que tinha se recusado a se entregar para a PF”.

A prisão ocorreu depois de Moraes ordenar que a prisão de Jefferson deveria ser feita “independentemente do horário”, O ministro declarou ainda que a intervenção de “qualquer autoridade em sentido contrário, para retardar ou deixar de praticar, indevidamente o ato, será considerada delito de prevaricação”.

Em sua decisão para revogar o benefício de prisão domiciliar, o ministro Alexandre de Moraes cita as “ofensas e agressões abjetas” feitas à ministra Cármen Lúcia na sexta-feira, 21, quando o ex-parlamentar, por meio de redes sociais, a chamou de “Bruxa de Blair” e “prostituta arrombada”.

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