Estudo é do Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua (POLOS-UFMG)

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) realizaram um levantamento que identificou 52.226 pessoas vivendo nas ruas da capital paulista até fevereiro de 2023.

Em todo o país, 206 mil pessoas estavam em situação de rua, o que mostra um crescimento de 7,4% desde o último levantamento. O estado de São Paulo concentra 86.782 mil pessoas dessa população, quase metade da população. A situação de rua atinge majoritariamente a população negra no nosso país. A cada 10 pessoas em situação de rua, 7 são negras.

O estudo é do Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua (POLOS-UFMG). O levantamento foi feito a pedido da GloboNews.

A pesquisa levou em consideração apenas as pessoas cadastradas no CadÚnico. A pesquisa também leva em conta que os números possam estar subnotificados em até 35%, porque a taxa de atualização do CadÚnico em SP é muito baixa.

O coordenador do POLOS-UFMG, André Luiz Dias, explicou que São Paulo sempre teve a maior concentração de pessoas em situação de rua desde o início do registro no CadÚnico, em 2012.

“[São Paulo] saiu de 3.842 registros em 2012 para os atuais 52.226 registros de pessoas em situação de rua. Nós não sabemos se, de fato, mais pessoas passaram a viver nas ruas a partir de novembro. O que nós vimos é que ano passado simplesmente em três meses (outubro, novembro e dezembro), mais de 25 mil pessoas haviam sido sumariamente excluídas do CadÚnico. Agora, aos poucos estão voltando a aparecer”, disse André Luiz Dias.

Remoção de barracas

Na última sexta, o deputado federal pelo PSOL-SP, Guilherme Boulos, e o padre Júlio Lancellotti entraram com um recurso judicial para impedir que a prefeitura de São Paulo retire as barracas da população em situação de rua.

A medida foi tomada em resposta à decisão judicial que autorizou a prefeitura a retomar a remoção das barracas, após Boulos e padre Júlio terem obtido, em fevereiro, uma determinação que impedia a remoção das pessoas e seus pertences.

Boulos enfatizou que essa medida é “perversa”, especialmente no outono, quando as temperaturas caem. “A solução para o problema da população em situação de rua requer uma série de iniciativas sérias, e não medidas paliativas que varrem o problema para debaixo do tapete, às custas daqueles que têm sua dignidade desrespeitada pelo poder público”, declarou.