No momento em que a nação cobra do governo um plano emergencial consistente para superar a epidemia do coronavírus, que está matando brasileiros aos milhares e impedindo todos de viverem livremente, o governo federal lançou um “Plano PróBrasil”. Não se trata da saúde, mas de mais um pacote de obras de infraestrutura do tipo “Avança-Brasil” ou “Plano de Aceleração do Crescimento (PAC)”. Está longe de ser um plano. É só uma sinalização de intenção de juntar, sob uma nova grife, um conjunto de projetos e obras paradas de vários ministérios, como forma de animar a ideia de recuperação da economia após a depressão provocada pela epidemia.

O anúncio do novo programa foi feito pelo ministro-chefe da Casa Civil, Walter Braga Netto, que deverá coordená-lo. Ele falou em dar sinergia às ações isoladas dos ministérios para conter a crise econômica e estimular “toda estrutura afetada pelo coronavírus”. O plano representaria um investimento de R$ 300 bilhões, R$ 250 bilhões dos quais oriundos do setor privado, por meio de concessões e parcerias público-privadas, e outros R$ 50 bilhões em investimentos públicos. Segundo Tarcísio de Freitas, ministro da Infraestrutura, o plano geraria um milhão de empregos.

O anúncio causou espécie pelo primarismo, pois não há uma clara definição dos projetos, os valores são chutados e nada indica uma estratégia de país. Apenas foi dito que o plano será detalhado até junho, para ser implementado a partir de setembro. Gerou frisson até no ministério da Economia, que não participou da sua formulação, nem do anúncio, numa ausência total de sinergia.

O que o plano revela é a inexistência de planos. Ele seria primário até para um programa de candidato, mas vira confissão de fracasso depois de desperdiçados 14 meses de mandato. Sem nenhuma novidade, é um plano literalmente incrível!

Mais incrível ainda é que venha a público num momento de profunda crise de governabilidade, alta rotatividade ministerial e com um clima de impeachment no ar. Ou seja, o governo parece querer começar a governar exatamente quando se esvaem as suas condições de governabilidade. Ninguém pode afirmar ao certo se o general Braga ainda estará no governo na próxima semana.

Ainda fica a pergunta fatal: supondo que algum plano venha a existir, quem o financiaria? Fundos de investimento? Que evitam, cada vez mais, financiar projetos em países cujos governos destroem florestas, violam direitos humanos e de populações tradicionais e que, ainda por cima, optam, de forma deliberada, por políticas anti-sanitárias que ignoram lições aprendidas e multiplicam vítimas? O governo chinês? Que vem sendo politicamente espancado, gratuita e seguidamente, pelos filhos do presidente e pelo próprio chanceler? Está mais do que evidente que a falta de credibilidade não é só do plano, mas do governo como um todo.

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