A cultura e arte brasileiras pediram socorro em meio à tragédia que atingiu o povo. Nós ouvimos e compreendemos que elas atravessam todas as dimensões da vida, tiveram impacto econômico imediato e terão efeitos por muito tempo. Isso porque o artista vai onde o povo está, promovendo aglomerações de sentimentos: em rodas nas ruas, aglutinados em frente aos palcos, em torno dos picadeiros, nas escolas de arte, nos teatros, nos bailes, sob viadutos, em cinemas, nas festas populares, nas cirandas, nas feiras de artesanato, de gastronomia, de moda, nas livrarias, editoras, bibliotecas, nas galerias, nos pontos de cultura, nos sets de gravação, bares e restaurantes, ou em qualquer outra atividade onde caiba sua participação e expressão. A paralisia é grande.

O Parlamento respondeu a esta urgência e de forma muito rápida. A relatoria na Câmara dos Depuados foi definida no dia 7 de maio e a lei foi aprovada no dia 26 do mesmo mês. Em menos de 20 dia percorremos o Brasil, auscultamos as diversas linguagens, produções, gestões municipais e estaduais e dezenas de reuniões nacionais e regionais. O texto abrangente, universal, descentralizado, desburocratizado, inclusivo na diversidade cultural brasileira, alcançou todas as bancadas partidárias (exceto uma, pequena, do partido Novo).

No Senado Federal o texto que seguiu foi aprovado uma semana depois, dia 4 de junho. De lá para cá, todo o processo foi dentro do Executivo. Toda a regulamentação foi discutida com os gestores estaduais e municipais e a representação dos conselhos de Cultura. Porém, quando surge publicada dia 17 de agosto, surpreende com uma série de travas burocráticas, como se quisesse centralizar a execução – quando sabe que não pode.

A regulamentação não pode estabelecer parâmetros e exigências que não constam da lei. Por isso essas amarras precisam ser simplesmente retiradas numa “errata”, ao mesmo tempo em que os secretários Estaduais e Municipais continuam avançando com a celeridade que o momento exige.

Os recursos precisam chegar imediatamente aos entes federados e nas mãos dos seus reais beneficiários, lá na ponta. Os formulários devem ser simples, como os gestores têm feito. Os cadastros de espaços e coletivos não precisam ser homologados pelo Governo Federal. As linhas de fomento, que constam da lei (e são linhas de fomento e não políticas de assistência) são a expressão de politícas culturais e terão como consequência atividades que vão acontecer ainda no próximo ano, juntamente com as contrapartidas dos espaços financiados agora.

Sabemos que todo o recurso deverá ser pago ainda este ano de 2020, com retroativo a 1º de junho e precisa começar já. A necessidade é grande e isso não pode esperar.

Por isso, o grito dado precisa ser ouvido no Governo Federal, para que supere sua burocracia, e que a lei flua como foi pensada e aprovada.

E que o legado de Aldir seja sempre a mobilização, a organização e a esperança equilibrista!

Conheça outros colunistas e suas opiniões!

Colunista NINJA

Memória, verdade e justiça

FODA

Qual a relação entre a expressão de gênero e a violência no Carnaval?

Márcio Santilli

Guerras e polarização política bloqueiam avanços na conferência do clima

Colunista NINJA

Vitória de Milei: é preciso compor uma nova canção

Márcio Santilli

Ponto de não retorno

Andréia de Jesus

PEC das drogas aprofunda racismo e violência contra juventude negra

Márcio Santilli

Através do Equador

XEPA

Cozinhar ou não cozinhar: eis a questão?!

Mônica Francisco

O Caso Marielle Franco caminha para revelar à sociedade a face do Estado Miliciano

Colunista NINJA

A ‘água boa’ da qual Mato Grosso e Brasil dependem

Márcio Santilli

Mineradora estrangeira força a barra com o povo indígena Mura

Jade Beatriz

Combater o Cyberbullyng: esforços coletivos

Casa NINJA Amazônia

O Fogo e a Raiz: Mulheres indígenas na linha de frente do resgate das culturas ancestrais

Rede Justiça Criminal

O impacto da nova Lei das saidinhas na vida das mulheres, famílias e comunidades

Movimento Sem Terra

Jornada de Lutas em Defesa da Reforma Agrária do MST levanta coro: “Ocupar, para o Brasil Alimentar!”