Fechamento do São Januário gera impacto na renda de trabalhadores locais
Com mais de dois meses do fechamento do estádio, 18 mil pessoas são afetadas nas suas rendas mensais
Por Mariana Martins
São Januário, estádio pertencente ao Clube de Regatas Vasco da Gama, está com os portões fechados ao público desde o dia 22 de junho, data da partida do Vasco contra o Goiás, pela 11ª rodada do Brasileirão. Na ocasião, o clube recebeu uma punição do STJD (Supremo Tribunal de Justiça Desportiva) de quatro jogos sem público devido ao tumulto violento causado por torcedores vascaínos após a derrota.
Cumprida a punição, o clube agora enfrenta uma ação do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) que mantém a interdição do estádio ao público, alegando que São Januário não é seguro para os consumidores do esporte. O argumento foi considerado elitista e preconceituoso pela comunidade do esporte em geral, causando uma comoção entre torcedores e analistas de futebol.
Contudo, o clube não é apenas o único que sofre com as consequências da interdição. Houve um impacto importante na vida dos trabalhadores autônomos que viviam dos jogos no espaço.
O Observatório do Trabalho carioca publicou um relatório sobre os efeitos para a população ao redor do estádio. O relatório declara que após a ausência de público, se teve como consequência uma diminuição expressiva na economia formal e informal da região, onde se localiza as comunidades de Barreira Vasco, Tuiuti e Arara.
Foi observado que 18 mil habitantes foram afetados direta ou indiretamente com o percentual de 60% na diminuição de renda daqueles que viviam dos jogos no estádio. Ainda o Observatório do Trabalho Carioca declarou que até 300 trabalhadores autônomos eram contratados em dias de jogos. Os comerciantes autônomos relataram que chegavam a ganhar 8 mil reais em dias de jogos.
O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, no dia 30 de agosto, decidiu manter a decisão dos portões fechados ao público nos jogos do Vasco em São Januário. Na última quinta (31), o clube divulgou um manifesto que declarou que a ação da justiça é discriminatória por conta da região onde o estádio está localizado.
“Em um país cujas raízes estão entrelaçadas com o racismo estrutural e outras formas de injustiça, o futebol emerge, não apenas como um espelho da sociedade, mas também como um espaço de transformação”
“Essa proibição, embasada em alegações eivadas de preconceitos, que apontam para a localização em área popular, a violência e as dificuldades de acesso como justificativas, é seletiva e discriminatória. Ignora-se, nesse contexto, que outros estádios de clubes da Série A permanecem abertos, mesmo tendo enfrentado recentes e mais gravosos problemas de segurança, inclusive no Rio de Janeiro.”
O Vasco informou ainda que irá recorrer no Superior Tribunal de Justiça (STJ) para a liberação do estádio no jogo do dia 16 de setembro, confronto esse que será contra o Fluminense.
Texto produzido em cobertura colaborativa da NINJA Esporte Clube