Audiotransvisual: Femininação, de Victoria Helena
Crítica do curta-metragem feito a partir de exibição no Festival Audiotransvisual
Por Carla Luã Eloi
Crítica com spoiler
Forte, emocionante, potente, educativo, poético, inspirador. Essas seriam algumas palavras para começar a descrever os sentimentos que atravessam o coração de quem assiste o documentário Femininação, de Victoria Helena.
Trazendo o depoimento marcante de Solange Revoredo, sobre as inúmeras formas de violência doméstica que sofreu, o filme apresenta falas tocantes, que passam por um lugar de sincera tristeza e dor, mas a linha narrativa consegue trilhar uma história de vida inspiradora, ou como diria Hannah Gadsby “não há nada mais forte do que uma mulher destruída que se reconstruiu”.
Combinando depoimentos reais de Solange com a poesia de Patrícia Pacheco, sob o olhar sensível de Victoria Helena, o documentário constrói um caminho sobre feminismo e sororidade, sobre a importância das redes de apoio à mulheres para além da denúncia, especialmente porque, como a própria Solange revela em um trecho, às vezes, quem vive a violência não reconhece sua própria dor.
Após anos de abuso, Solange conseguiu se reerguer e fundou o Grupo de Apoio à Mulher (GRAM), uma rede formada por várias parcerias de profissionais liberais e instituições, que oferecem suporte jurídico, apoio psicológico e social para mulheres em situação de violência doméstica.
Solange e as outras mulheres do GRAM se chamam de vagalumes, pois uma ilumina a outra. E nesse processo de união gerando força feminina, o documentário também perpassa a importância de educar meninos dentro do feminismo.
Abordando uma pauta extremamente atual e relevante, Femininação toca a pessoa espectadora em níveis diferentes, desperta lágrimas, sorrisos, empatia, mas acima de tudo, esperança.
Carla Luã Eloi escreveu esta crítica em colaboração ao FOdA Fora do Armário, editoria LGBT+ da Mídia NINJA, a partir da exibição do filme no Festival AudioTransVisual.