encontro Pretas no Poder, no Rio de Janeiro. Foto: Mídia NINJA

Segunda, 01/01, primeiro dia do ano
Assisto último episódio de Black Mirror e saio dali mortificada. Não sabia o que me atravessava mais – que alguém tenha tido a ideia de fazer uma linha narrativa que explore a imagem de um negro encarcerado e eletrocutado como atração de museu ou que a vingança da sua filha órfã seja o ideal branco de justiça. Saio dali prometendo que esse ano faria conteúdos que curem.

Fevereiro, 15/02, Fim do carnaval
Entramos na etapa final de seleção das três turmas do LAB NINJA, projeto de formação livre de midiativistas. Nos critérios de seleção, pautas propostas, convidados para aulas e percurso pela cidade um desejo de refletir vivencias e referências negras, feministas, LGBT. Cobertura de Black Panther no alemão, ouvir youtubers e especialistas negros, ver pré lançamento de projeto audiovisual preto na Maré, presença no baile da Penha.

Domingo, 04/03, gravação do programa Querendo Assunto
Entro num ônibus às 6:00 depois de fazer parte da Conferência Cidadã, onde ao lado de Henrique Vieira, pastor negro, tive o prazer de apresentar uma indígena e um líder sem teto para pré candidatura à presidência. Me reencontro com Ana Paula e Ellen Paes, conheço Taísa Machado e uma equipe maravilhosa para participar de uma experiência que depois entendi ser um divisor de águas no audiovisual brasileiro.

Quinta, 08/03, 8M
Com uma equipe de dez mulheres, vamos às ruas do Rio de Janeiro conectadas com manas do Brasil, América Latina e todo o mundo para gritar por direitos das mulheres – e contar as histórias de lutas diversas, mas não dispersas. Em terras cariocas, a marcha começa e termina com chuva, mas também num orgasmo coletivo que só se acontece quando tanta mulher se junta.

Quarta, 14/03, Execução de Marielle
Recebo a noticia que tiraram Mari de nós, com quatro tiros na cara, por ser quem ela é e defender quem somos. Morro um pouco por dentro e me apoio nas minhas. Me acalento vendo que não fomos paralisados – enchemos ruas, redes e corações de luto e luta e seguimos marchando por um mundo onde viver não ser privilégio.

Sábado, 17/03, três dias depois
Depois de acompanhar as narrativas crescentes em torno de um dos ícones da minha geração e amiga, ligo para Tainá de Paula e proponho: mulheres negras precisam falar sobre as suas. A memória da nossa companheira de luta merece nossos olhares, nossas narrativas. Gravamos Ana, Thula, Ellen, Rafaela, Sabrina, Ana, Faby e Dida no domingo, segunda, terça. Choramos, rimos e prometemos viajar juntas para o Caribe.

Segunda, 26/03, lançamos “De Pretas Para Marielle”
Após o desafio de dirigir e encontrar um fio condutor entre tantas histórias, experiências e memórias de Mari, apresentamos 10 minutos para ela. Mais 3 horas de conteúdo serão lançadas ao longo da semana, com nossos depoimentos pessoais. No dia que ao lado de Daiane, Giovana e Flávia inauguramos as aulas de um novo curso de comunicação.

Assim, sigo cumprindo minha meta do ano:
criar conteúdos que curam.

Conheça outros colunistas e suas opiniões!

Marielle Ramires

De braços dados com a alegria

Bella Gonçalves

Uma deputada LGBT na Assembleia de MG pela primeira vez em 180 anos

Célio Turino

Precisamos retomar os Pontos de Cultura urgentemente

Design Ativista

Mais que mil caracteres

Estudantes NINJA

Não existe planeta B: A importância das universidades nas mudanças climáticas

Colunista NINJA

Carta a Marielle Franco: ‘Quem mandou te matar, Mari? Aí do além é mais fácil enxergar?'

Luana Alves

Justiça por Marielle, mais urgente do que nunca. Sem anistia

Design Ativista

Feminismos, sem medo de ser plural

Colunista NINJA

Mulheres: Quando a loucura é filha do machismo

Design Ativista

Afinal, qual o papel da moda? Uma reflexão de vivências

Juan Espinoza

Quando o silêncio entre mulheres é quebrado

Márcio Santilli

Infraestrutura para comunidades

Andressa Pellanda

Revogar o novo ensino médio por uma educação da libertação e não da alienação

André Menezes

Na contramão da inclusão: Do you speak English?