Ex-ajudante de ordens de Bolsonaro acompanha o ex-presidente durante agenda em Brasília. Foto: Daniel Marenco

O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid moveu R$ 3,2 milhões entre janeiro e julho deste ano, por meio de operações financeiras ‘incompatíveis’ e ‘atípicas’. Foi o que revelou o Coaf (o Conselho de Controle de Atividade Financeira) nesta quinta-feira, 28.

O relatório, obtido originalmente pelo jornal O Globo, aponta indícios de “tentativa de burla fiscal e ocultação de patrimônio” nas contas de Cid, que está sendo investigado por fraudar cartões de vacinação do então presidente Jair Bolsonaro.


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O Coaf encontrou movimentação “incompatível com o patrimônio, atividade econômica ou a ocupação profissional e capacidade financeira do cliente” e “transferências unilaterais que, pela habitualidade e valor ou forma, não se justifiquem”. Cid recebe R$ 26 mil mensais como tenente-coronel da ativa.

A defesa de Mauro Cid afirmou que a movimentação é “lícita e foi esclarecida com a Polícia Federal.

Um trecho do relatório diz o seguinte:

“Considerando a movimentação elevada, o que poderia indicar tentativa de burla fiscal e/ou ocultação de patrimônio e demais atipicidades apontadas, comunicamos pela possibilidade de constituir-se indícios do crime de lavagem de dinheiro ou com ele relacionar-se”.

Segundo apontado no relatório do Coaf, Mauro Cid enviou remessas aos Estados Unidos no valor de R$ 367.374, em 12 de janeiro de 2023 — data em que Cid e Bolsonaro estavam naquele país após o ex-presidente sair do Brasil com a vitória de Lula, e depois dos apoiadores de Bolsonaro invadirem os Três Poderes.

A Polícia Federal investiga a trilha de dinheiro do Mauro Cid, a fim de analisar a tese de que havia um esquema de pagamento indevido, com o uso de verba pública, das despesas pessoais de Bolsonaro e Michelle. As informações são do Jornal O Globo.


https://twitter.com/Pimenta13Br/status/1657451719897350146

Além disso, a PF investiga suspeita de fraude do Mauro Cid por ter inserido informações de maneira irregular nos registros de vacinação do ex-presidente e de sua filha, para a entrada nos Estados Unidos.

Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil

Não é a primeira vez que o ex-presidente se envolve em escândalos de esquemas financeiros, incluindo as suspeitas da funcionária fantasma Wal do Açaí e do operador da rachadinha Fabrício de Queiroz.

Fabrício Queiroz.

Logo em seguida da Polícia Federal deflagrar a Operação Venire – que investiga o esquema de adulteração de dados públicos e que prendeu quatro pessoas ligadas a Bolsonaro – Mauro Cid se tornou um ponto sensível de Bolsonaro e vem recebendo pressão da base atual para soltar os podres do ex-presidente – que não parece estar muito afim de proteger ele.

Jair Bolsonaro. Foto: Daniel Marenco

Coaf: Jair Bolsonaro recebeu R$ 17,2 milhões via Pix, em 6 meses, diz relatório

O ex-presidente recebeu R$ 17,7 milhões via Pix entre janeiro e junho deste ano, como mostrou relatório do Coaf que veio a público nesta quinta-feira. A “situação atípica” das contas de Bolsonaro, publicadas na Folha de S. Paulo, mostram que ele recebeu um total de 769.717 transferências em Pix neste período.

Segundo o Coaf, as contas “provavelmente” são referentes à campanha de arrecadação feita por Bolsonaro para quitar as multas que recebeu por não usar máscara durante a pandemia.

Deputados apoiadores de Bolsonaro fizeram uma campanha para pedir dinheiro para o ex-presidente.

“Esses lançamentos provavelmente possuem relação com a notícia divulgada na mídia: ‘Apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro iniciaram uma campanha de arrecadação via Pix que parece ter surtido efeito'”, afirma trecho do relatório.

Entre os principais doadores da campanha figuram na lista uma empresária do agronegócio, com R$ 20 mil; um dono de uma companhia da construção civil, com R$ 10 mil; e um escritor, com R$ 10 mil; entre outros.

Só em São Paulo, o ex-presidente acumula R$ 1.062.416,65 na dívida ativa do Estado de São Paulo por conta de sete sanções aplicadas pela Secretaria de Saúde de São Paulo, depois de infringir Lei Federal que exigia o uso da máscara em local público.

Além disso, Bolsonaro teve mais de R$ 400 mil bloqueados na Justiça de São Paulo pelo não pagamento das multas.