Carta Aberta para “Dona de Mim” – por Zezé Motta
Após a repercussão do fim do relacionamento de Iza, a atriz Zezé Motta publicou em suas redes uma carta aberta. Confira na íntegra.
Após a repercussão do fim do relacionamento de Iza e a centena de mensagens de solidariedade recebidas pela cantora, a atriz Zezé Motta também publicou em suas redes uma carta aberta. Confira na íntegra:
A solidão da mulher negra é presente, é agora. Esta noite, assisti a um vídeo de desabafo do nosso Talismã, IZA. Confesso que minha voz embargou, porque, no pesar de uma mulher tão potente, por quem tenho tanta admiração, vejo uma mulher, uma mãe que se prepara para gerar o fruto de um amor, uma boa nova, um novo começo. A maternidade para a mulher é uma plenitude, talvez o momento em que nos sentimos mais completas e, ao mesmo tempo, repletas de dúvidas e anseios.
Nessa enxurrada de emoções e hormônios, nosso Talismã precisou vir a público para falar abertamente sobre sua dor e vulnerabilidade, para que outros não tirassem dela o direito de narrar sua própria experiência. A traição e o abandono são cruéis; eles nos silenciam e fazem doer a alma e o coração. Ressignificar a solidão da mulher negra vai além das vivências nas relações amorosas; é sobre uma vivência de exclusão em uma sociedade que insiste em ser machista, patriarcal e escravocrata.
Aqui, é importante destacar a “Dororidade”, um conceito criado por Vilma Piedade. Dororidade é a solidariedade entre mulheres negras que compartilham dores semelhantes. É um termo que une as palavras “dor” e “sororidade”, evidenciando que a união e o apoio entre mulheres negras são fundamentais para enfrentar as adversidades e ressignificar suas experiências. É através da dororidade que encontramos força e coragem para seguir em frente, sabendo que não estamos sozinhas em nossas lutas.
Mesmo que IZA seja “Dona de Si” – maravilhosa, potente, empoderada – ela, assim como tantas outras, sofre com o abandono no relacionamento. Eu questiono, sim, a humanidade do homem ou do parceiro que não percebe o mal que está causando ao outro. O mais digno, quando o amor acaba, é seguir respeitando a parceria criada. Não se pode passar pano e suportar o insuportável. Mulheres, continuem olhando para dentro de si. É uma tarefa terrível, pelo medo que se encontra na própria companhia, mas é necessário refletir e superar.
Meu Talismã, desejo muitas bênçãos e amor para você e sua Rainha Nala, que vem representar a dádiva de novos dias. Sei que sua fé ainda vai te guiar para mares calmos, pois DEUS TE FEZ ASSIM, DONA DE SI!