Beija-Flor lembra George Floyd e os protestos antirracistas em comissão de frente
Enredo trouxe o tema “Empretecer o pensamento é ouvir da voz da Beija-Flor”.
“Empretecer o pensamento é ouvir da voz da Beija-Flor”. Este é o enredo da Beija-Flor de Nilópolis, a última escola a passar pela Marquês de Sapucaí no Rio de Janeiro, na manhã deste sábado (23), no desfile das escolas de samba de 2022. Ao trazer a história de um legado intelectual negro e invisibilizado, não há como deixar de fora a luta antirracista.
A apresentação que abriu o desfile trouxe um caso repercutido globalmente quando George Floyd, um homem negro, foi assassinado pela polícia de Minneapolis, nos EUA, gerando uma ampla mobilização social. Em um telão, as imagens das manifestações por justiça a Floyd se misturavam com cenas do Black Lives Matter e dos protestos no Brasil enquanto nomes de vítimas do racismo surgiam em memória aos corpos negros violentados.
“O enredo da Beija-Flor ganhou muita força, quando escolhido em 2020, a partir da comoção internacional com a morte de Floyd nos EUA. O episódio virou uma bandeira da luta contra o racismo no mundo todo e a escola não poderia se calar diante desse clamor”, disse, ao jornal Extra, o coreógrafo Marcelo Misailidis.
As imagens trazidas no telão vieram sobre uma superfície de areia, uma representação da praia, que traz a imagem da chegada dos negros escravizados na costa brasileira. Eles chegam vendados e suas pegadas deixadas na areia, usada como metáfora, são apagadas e substituídas pela imagem do colonizador.
Beija-flor dá o recado de cara. Simulando uma praia, negros vendados simulam a chegada dos africanos ao Brasil e tem suas pegadas apagadas na areia pelos colonizadores.
— Poderes Pretos ✨✊🏾 (@poderespretos) April 23, 2022
Eles resistem dizendo: VIDAS NEGRAS IMPORTAM.#Carnaval2022 pic.twitter.com/GVyTmkVkrf
Isso aqui foi muito forte #BeijaFlor2022 #Globeleza pic.twitter.com/ePlYODeAtG
— alice (@alicemiyy_) April 23, 2022
A hegemonia branca foi representada por estátuas que imperavam sobre a repressão aos escravizados, até que a explosão da cabeça de um dos monumentos remete às derrubadas das estátuas de colonizadores, cenas que se repetiram nas manifestações em todo o mundo.
“Falamos sobre a importância de que as pessoas negras identifique no mundo, inclusive nas estátuas, a história de seu povo para além da escravidão”, disse Misailidis. Essa é a 25ª comissão de frente assinada por Misailidis no Carnaval carioca.
"Enquanto houver racismo, não haverá democracia"
— Poderes Pretos ✨✊🏾 (@poderespretos) April 23, 2022
Beija-Flor entregou seu manifesto na avenida. #Carnaval2022 pic.twitter.com/0VltRFHb6x
A Ala das Baianas geralmente homenageiam grandes figuras ou partes chaves do roteiro e dessa vez, elas se homenageiam: cada baiana tem uma foto sua na fantasia, além das fotos de outras baianas nas saia. Lembre-se das mulheres pretas!
— Poderes Pretos ✨✊🏾 (@poderespretos) April 23, 2022
Beija-Flor #Carnaval2022 pic.twitter.com/V9ORrt4J98
Ala "Quem Tem Medo do Feminismo Negro", de roxo e rosa na Beija-Flor. Djamila Ribeiro, filósofa que escreveu livro com esse nome, participa do desfile. pic.twitter.com/cuAFITnaA5
— Poderes Pretos ✨✊🏾 (@poderespretos) April 23, 2022