As primeiras informações sobre a investigação da Escola de Educação Infantil Colmeia Mágica, em São Paulo, acusada por crimes de maus-tratos contra crianças de 0 a 5 anos, apontam elementos ainda chocantes que os já divulgados até então. Depoimentos de professores indicam que a diretora Roberta Regina Rossi Serme ordenava que as crianças fossem medicadas com dipirona para dormir. Castigos por mau comportamento incluíam até mesmo “punições corporais”.

As informações foram divulgadas pelo jornal Metrópoles nesta quinta-feira (24) a partir de documentos da Polícia Civil, que investiga o caso. A diretora e proprietária da escola teve a prisão temporária decretada na última segunda-feira (21).

Conforme os autos, “as crianças recebiam remédios como dipirona, sem prescrição médica, para que pudessem ter a pressão abaixada e com isso adormecer”. Em 16/03, a promotoria escreveu que “há relatos de narcotização das crianças para que elas se acalmem, com a ministração de antitérmicos”.

Nos vídeos divulgados nas redes, que provocaram a denúncia das famílias, bebês estavam amarrados com lençois nas cadeiras – conhecidas como bebê-conforto -, dentro do banheiro da escola. Depoimentos de três professoras e duas ex-professoras contam que os lençois e cobertores também eram colocados nas cabeças das crianças para elas pararem de chorar e forçá-las a dormir. Os bebês eram colocados no banheiro para que os choros não fossem escutados da rua.

Uma das crianças chegou a ser hospitalizada, sendo internada no hospital do Tatuapé durante dois dias recebendo oxigênio. O bebê de 7 meses, conforme os depoimentos, havia ficado com dificuldades de respirar na escola, ofegante, com febre e suor e foi medicada com paracetamol.

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No documento também consta que “as crianças maiores são severamente castigadas quando praticam algum ato de indisciplina, com narrativa de graves e intensas punições corporais”. Elas eram obrigadas a ficar na sala da diretora em pé ou sentadas no chão por horas sem poder comer ou ir ao banheiro.

Uma professora contou que os castigos eram aplicados em crianças “manhosas”, “mimadas” ou que “choravam muito”, nas palavras da diretora.

Sobre alimentação, os depoimentos contam que as crianças compartilhavam talheres e pratos e há relatos de que as crianças menores ficavam sem comer quando as refeições acabavam.