Atentado de Roberto Jefferson se associa ao discurso de ódio de Bolsonaro, diz PT
Roberto Jefferson, um dos principais aliados de Bolsonaro e condenado por corrupção, atirou em agentes da Polícia Federal
Por Mauro Utida
O ataque com tiros de fuzil e granada contra agentes da Polícia Federal pelo ex-deputado federal Roberto Jefferson durante o cumprimento do mandado de prisão contra o presidente de honra do PTB, neste domingo (23), foi classificado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como resultado do ódio, violência e desrespeito às leis que o presidente Jair Bolsonaro (PL) prega.
Horas depois do atentado de Jefferson, que feriu os agentes federais Karina Miranda e Marcelo Vilela ao resistir à prisão em sua mansão em Comendador Levy Gasparian (RJ), a campanha de Lula divulgou um vídeo em que mostra a relação de Bolsonaro aos níveis “alarmantes de violência” influenciado pelo discurso de ódio e antidemocrático do candidato à reeleição.
Ódio, violência e desrespeito às leis. Roberto Jefferson não é apenas criminoso e um dos principais aliados do nosso adversário: ele é a cara do que Bolsonaro prega. #EquipeLula pic.twitter.com/y3ZLrnfXuJ
— Lula (@LulaOficial) October 24, 2022
O vídeo mostra imagens de bolsonaristas atacando padres e cenas do assassinato de Marcelo Arruda por um apoiador de Bolsonaro em Foz do Iguaçu, no Paraná.
“Roberto Jefferson, um dos principais aliados de Bolsonaro e condenado por corrupção atirou na Polícia Federal”, diz o vídeo. “Precisamos acabar com o ódio e a violência. O Brasil precisa de paz. Bolsonaro nunca mais”, emenda.
Roberto Jefferson segue preso
O presidente de honra do PTB foi encaminhado ao presídio de Benfica, na zona norte do Rio de Janeiro, no início da madrugada desta segunda-feira (24), mas deverá ser transferido para Bangu 8, no Complexo Penitenciário de Gericinó, ainda nesta segunda.
Após resistir à prisão com tiros de fuzil e uma granada, ele se entregou à noite, após 8 horas de descumprimento da ordem de prisão expedida pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Na avaliação de Rafael Capanema, do Núcleo – Jornalismo Inteligente sobre Redes Sociais – a prisão de Roberto Jefferson foi um show deprimente nas redes e classificou como “um dos dias mais infames da história brasileira recente”.
“O que teria acontecido se o ex-deputado fosse um homem negro? E por que um preso domiciliar tinha armas em casa?”, questionou em sua coluna no Núcleo.
O momento que tem gerado muitas críticas é um vídeo gravado dentro da casa de Jefferson que mostra uma conversa amistosa com um policial federal, que chega a rir depois de o ex-deputado dizer que as granadas eram “de efeito moral”.
O colunista também lembra que bolsonaristas agrediram covardemente o cinegrafista Rogério de Paula, da afiliada local da rede Globo, na frente da casa do ex-deputado federal.
Cinegrafista Rogério de Paula, da Rede Globo, foi agredido por bolsonarista enquanto estava trabalhando na cobertura da prisão de Roberto Jefferson, ex-deputado que atirou e feriu agentes da Polícia Federal pela manhã deste domingo. pic.twitter.com/rT5aoB1LWL
— Mídia NINJA (@MidiaNINJA) October 23, 2022
Já o presidente Jair Bolsonaro rapidamente tentou se descolar do ex-aliado, chamando-o de “bandido” e “criminoso”. Bolsonaro havia dito, inclusive, que não tinha nem fotos com Jefferson, uma mentira que rapidamente começou a ser desmentida nas redes.
Eu não estou exagerando, ele realmente teve a cara de pau de falar isso. Veja você mesmo! pic.twitter.com/kH7d4dRN4f
— Desmentindo Bolsonaro (@desmentindobozo) October 23, 2022
Jair Bolsonaro disse que não tem uma foto dele com o Roberto Jefferson. Realmente não tem uma, tem várias!
— Desmentindo Bolsonaro (@desmentindobozo) October 23, 2022
ROBERTO JEFFERSON É BOLSONARO pic.twitter.com/1M0peeGRnu
Mais tarde, no podcast DL Show, Lula questionou a atuação do ministro da Justiça, Anderson Torres, que foi enviado por Bolsonaro para o Rio de Janeiro para acompanhar o caso envolvendo a prisão do ex-deputado Roberto Jefferson. “Ele teve a petulância de mandar o ministro da Justiça lá. Pra proteger quem? Um cidadão que tinha se recusado a se entregar para a PF”.
"Ele teve a petulância de mandar o ministro da Justiça lá. Pra proteger quem? Um cidadão que tinha se recusado a se entregar para a PF" Lula comenta a atitude de Bolsonaro no caso de Roberto Jefferson. #LulaNoDLShow pic.twitter.com/UmWU62siDo
— Mídia NINJA (@MidiaNINJA) October 24, 2022
A prisão ocorreu depois de Moraes ordenar que a prisão de Jefferson deveria ser feita “independentemente do horário”, O ministro declarou ainda que a intervenção de “qualquer autoridade em sentido contrário, para retardar ou deixar de praticar, indevidamente o ato, será considerada delito de prevaricação”.
Em sua decisão para revogar o benefício de prisão domiciliar, o ministro Alexandre de Moraes cita as “ofensas e agressões abjetas” feitas à ministra Cármen Lúcia na sexta-feira, 21, quando o ex-parlamentar, por meio de redes sociais, a chamou de “Bruxa de Blair” e “prostituta arrombada”.
As agressões machistas e misóginas contra a Min Carmen Lúcia, exemplo de magistrada, demonstram a insignificante e covarde estatura moral daqueles que pretendem se esconder em uma criminosa “liberdade de agressão”, que não se confunde com a liberdade de expressão.
— Alexandre de Moraes (@alexandre) October 22, 2022
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