O terror, tocado em nome de todos
A demagogia violenta deverá dar lugar pelo interesse verdadeiro em resolver definitivamente essa fratura social e territorial.
A emoção da deputada Benedita da Silva nesta fala é contagiante. É a força da sinceridade e do conhecimento para além da versão construída pelos que não sabem e nem querem resolver essa situação dantesca que infelicita e adoece o Brasil.
Benedita vem da periferia e sabe o inferno de violência e desrespeito aos direitos mais elementares dos trabalhadores pobres que aí vivem. Sabe que os moradores sofrem com os traficantes, com as milícias e infelizmente, também com a Polícia. A grande ação que pode modificar esse horror é a integração qualificada dessa parcela dos brasileiros e brasileiras que aí vivem e desses territórios. O Brasil está devendo essa ação, desde a “abolição da escravatura.” Uma ação ampla, fruto de um pacto nacional.
Terá que ter força para significar uma reparação histórica e, para isso, terá que incorporar de fato as periferias à cidade, através da ampliação de todas as dinâmicas que que acontecem e se desenvolvem nas grandes cidades brasileiras. Os brasileiros e brasileiras que vivem nas chamadas comunidades, favelas e periferias não podem continuar como externalidades, como exclusões urbanas, sociais e territoriais. É preciso um esforço que integre o Estado Nacional (Federal Estadual e Municipal) e que articule as políticas de longo, médio e curto prazo. Essa estratégia terá que trocar a violência pela inteligência e pelo planejamento. A demagogia violenta deverá dar lugar pelo interesse verdadeiro em resolver definitivamente essa fratura social e territorial. Desenvolver uma potente e eficiente política de inteligência para a recuperação do controle do território, como já foi feito, e o segundo passo que não foi dado no passado, seria assumir com vigor a integração desses territórios onde mora uma parte significativa do povo brasileiro com políticas de urbanização, de saúde, de educação, de cultura etc.. e um investimento significativo para incluir de forma qualificada os jovens e todos que aí vivem na economia e em todas as dinâmicas que possibilitam dignidade ao acesso de todos.
Essas ações violentas são demagógicas, para impressionar a opinião pública e influir nas eleições, para fidelizar os otários e desinformados, tomados pelo medo, e para que possam se sentir seguros enquanto os trabalhadores pobres são submetidos ao terror e ao massacre de uma violência devastadora e burra por parte do Estado, em nome de todos nós. A Colombia em Medellin experimentou essa política com sucesso. Porque nós não podemos?