Apesar de tarifaço e tentativas de golpe, Brasil e sua democracia avançam e são exemplo para o mundo
Os chiliques de Eduardo e os soluços de Jair não foram suficientes para brecar as instituições e a justiça brasileiras.
O tarifaço de Trump completou um mês. E, enquanto Donald e a extrema-direita passam vergonha no débito e no crédito, o Brasil e Lula seguem avançando – com a cabeça erguida, bem como a nossa democracia, nossa soberania e nosso PIX, orgulho nacional. Apesar de tantas ameaças e chantagens de Trump, de Eduardo Bolsonaro e sua corja, nossas instituições democráticas estão funcionando normalmente, o julgamento de Jair está ocorrendo como a lei e a justiça brasileira preveem – mesmo com as tentativas da direita de anistiar o ex-presidente e outros golpistas, o que por si só já é um atestado de culpa, afinal só gente criminosa pede anistia. Quem não deve nada clama por justiça.
O julgamento de Bolsonaro é “uma lição de maturidade democrática para os Estados Unidos e para o mundo”. E não sou só eu que digo: é a revista britânica The Economist. Já o jornalista Jamil Chade definiu este momento que o Brasil vive como um “teste para as democracias”. Na prática, é um experimento que a direita faz para ver até onde podem ir com seus rompantes autoritários e com seus interesses escusos, bancados sempre por bilionários que se acham donos do mundo.
Já para Trump, a situação anda complicada – e não estou falando só sobre saúde. Um tribunal de apelações dos Estados Unidos determinou que a maioria das tarifas comerciais impostas pelo presidente dos EUA em agosto é ilegal. Deputados democratas também questionaram o tarifaço, como Alexandria Ocasio-Cortez que apresentou uma emenda ao projeto de lei do Orçamento da Defesa dos EUA exigindo que o governo Donald Trump explique o que levou à imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. Há quem diga que Trump está usando esta história de tarifaço como cortina de fumaça para esconder o “caso Epstein”, que causou uma super crise nos EUA, ao condenar por tráfico sexual Jeffrey Epstein, um amigo bilionário de Trump. O criminoso aliciava menores de idade e seu julgamento teve, inclusive, o relato de uma brasileira como peça chave. Ela tinha apenas 14 anos na época dos abusos.
Na ocasião do anúncio do tarifaço, a medida foi justificada pela Casa Branca como resposta a uma “políticas, práticas e ações recentes do governo brasileiro que constituem uma ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional, à política externa e à economia dos EUA”.
O buraco é mais embaixo
Sabemos que o que move esse conflito passa pela tentativa dos Estados Unidos de manterem sua hegemonia, diante da desdolarização galopante do mundo, pelo interesse pelas nossas terras-raras e por manter o poder de suas Big Techs. Trump diz que elas foram “censuradas” pelo STF, mas na verdade mostra que elas estão resistindo ao esforço legítimo do governo brasileiro de regular as redes sociais, que tem o objetivo de evitar e punir delitos como pedofilia e crimes de ódio.
Outra razão é o recalque de Trump diante do sucesso do PIX, usado por 93% dos brasileiros, e que ele trata como “prática ilegal que ameaça os EUA”. É… ameaça, sim as companhias estadunidenses VISA e Mastercard que cobram taxas absurdas, enquanto o PIX oferece transações gratuitas. E ameaça também o WhatsApp Pay e a credibilidade das criptomoedas. Desde que o PIX foi criado, consumidores e empresas brasileiras já economizaram R$ 106,7 bilhões, segundo levantamento do MBC (Movimento Brasil Competitivo).
E em breve o Banco Central vai lançar o PIX parcelado, que vai permitir compras a prazo sem cartão e sem anuidade. E não para por aí: os países do BRICS estão dialogando sobre a criação de um “PIX global” para seus membros, o que aumenta ainda mais a tensão com os EUA.
O Brasil não é para amadores
Já no nosso país, uma miríade de movimentos podem nos ajudar a entender os interesses de quem realmente defende a nossa democracia, contra quem faz de tudo para corroê-la. De quem defende o povo ou só sua própria família.
De um lado, o STF está prestes a condenar Bolsonaro e a cúpula do golpe; Flávio Dino aperta o cerco contra a farra das emendas; a PF e a Receita expõe os elos entre ricaços da Faria Lima e o crime organizado; e o governo coloca as fintechs na mira.
Do outro lado, o Centrão decidiu deixar o governo Lula para defender a anistia para golpistas; Tarcísio tem ido a Brasília para articular um PL pela anistia e bolsonaristas seguem tentando desmoralizar o STF e Alexandre de Moraes. Além disso, mobilizaram suas hordas extremistas para atos de 7 de setembro como reação ao julgamento de Bolsonaro e ainda tiveram a coragem de abrir uma bandeira dos EUA em plena Avenida Paulista. Ou seja, tentaram transformar o dia da nossa independência em instrumento de confronto político e pressão institucional, enquanto batiam e seguem batendo continência para os Estados Unidos. Extremamente simbólico, não é mesmo?
A Justiça tarda, mas não falha
Mesmo com a chantagem do tarifaço, o efeito foi totalmente o oposto do esperado pela família Bolsonaro: no último mês, alimentos caíram de preço no Brasil, saímos do mapa da fome, a China fechou novos contratos para a compra de soja, café e outros produtos nacionais. No mesmo período, nosso país abriu novos mercados e exportou R$ 6,1 bilhões a mais do que importou, um aumento de 35% em comparação com agosto de 2024. Lembrando que o Brasil integra o BRICS, que tem um PIB superior à média mundial, com participação de 40% na economia mundial. “E teve boatos que eu estava na pior, hein!”.
Depois das tarifas de Trump, Lula anunciou um pacote de apoio aos exportadores brasileiros e também disse que vai comprar alimentos taxados para destinar à merenda escolar… Já Trump recuou e anunciou uma lista de quase 700 produtos que ficaram de fora da nova tributação.
Além do mais, a aprovação de Lula só aumentou e ele lidera todos os cenários para as eleições de 2026. Já a popularidade da família Bolsonaro só vem caindo. Jair foi preso e está sendo julgado, mesmo com todas as tramas e mentiras que ele e seu filho Eduardo espalharam para Trump e seus aliados nos EUA. O deputado foi indiciado pelos crimes de coação no curso do processo sobre as sanções dos EUA e por tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito. E em breve deverá ser cassado.
Depois de todo o estrago causado pela direita nos últimos anos, o Brasil está finalmente se reerguendo – e sem precisar se ajoelhar para os EUA. Precisamos seguir vigilantes para garantir que Bolsonaro, sua familícia e os militares sejam punidos, sem anistia, para que uma nova ditadura nunca mais aconteça e para que sirva de exemplo para quem ousar pensar em atentar contra nossas instituições democráticas. Também precisamos aprovar o PL das Fake News e a regulação das redes sociais, pois milhões de brasileiros entregam diariamente dados para empresas imperialistas dos EUA, o que tem consequências econômicas, ideológicas, culturais, políticas e geopolíticas. É preciso estar atento e forte. Pela nossa democracia, pela nossa soberania, pelo povo brasileiro.