Só vim aqui para ler os comentários

O nacionalismo líquido dos brasileiros nas redes sociais, onde indignação performática, senso de justiça instantâneo produzem uma geopolítica digital de emergência

Uma comunidade provisória e fluida que se organiza em torno de uma notícia, meme, imagem ou texto de opinião, mas que frequentemente “esquece” o conteúdo original e o utiliza como pretexto para se expressar, em derivas inesperadas e imprevisíveis.

Estamos diante de uma nova força de comunicação e sociabilidade: o comentariado — uma multidão volátil que se aglutina em torno de conteúdos digitais, postagens opinativas e eventos informacionais, criando consensos, descensos e controvérsias.

O comentariado não é afinal a real força das redes e plataformas digitais? O que lhe empresta valor, o que engaja e monetiza, capaz de formar “zonas autônomas temporárias” que são capturadas pelas plataformas, mas também fogem do controle?

Quanto mais comentários e reação, mais uma notícia se difunde e “engaja” dando visibilidade aquela pauta e a colocando em um topo ou ranking. Comentar de forma admirada, pejorativa, argumentativa, afetiva, de forma positiva ou negativa, produz valor, real e simbólico.

O Enxame Digital

No caso brasileiro, o comportamento de enxame digital ganha contornos particularmente originais, misturando indignação performática, senso de justiça instantâneo, uma autoestima geopolítica de emergência com poder catártico e predador, um “soft power” tropical que se manifesta nos comentários.

Temos testemunhado, com frequência crescente, o surgimento desse enxame conduzido por perfis anônimos de brasileiros com arrobas, bandeirinhas e opiniões prontas — e que fazem das redes sociais um verdadeiro Maracanã afetivo, com logica de torcida, rivalidades e mil tons de uma sociabilidade que sempre cultivamos fora das redes. O brasileiro e a cultura brasileira são marcados pelo interesse pela vida alheia e pelo outro : “Só me interessa o que não é meu. Lei do homem. Lei do antropófago.” (Oswald de Andrade, 1928)

O comentariado é um personagem coletivo que emerge e cresce nas crises, nos linchamentos morais, nas polarizações politicas, nas tragédias humanitárias ou turísticas, nas polêmicas culturais — estamos prontos para opinar em nome da nação com base em memes, indignações e emojis.

Tarifaço, Vampetaço, Memes, IA e Brics

Tomemos como exemplo recente a reação do nosso enxame digital à ameaça de tarifa de 50% feita pelo presidente Donald Trump sobre os produtos brasileiros exportados para os EUA. A reação emocional e política esteve à altura da chantagem política. Uma ameaça econômica radical caso o Brasil não “anistie” o ex-presidente Jair Bolsonaro que responde a processo por tentativa de golpe de estado.

A medida chantagista e eminentemente política, articulada pela família de Bolsonaro, gerou uma reação fulminante : milhares de brasileiros tomaram as redes sociais e invadiram os comentários dos perfis de Donald Trump com frases que mesclavam nacionalismo pop e uma indignação performada, ora bem-humorada, ora agressiva.

O tarifaço de Trump virou um “vampetaço”, ou seja o compartilhando de memes, imagens criadas por IA e bandeiras do BRICS unidos nos comentários do perfil de Trump, levando ao bloqueio das respostas.

Esse “vampetaço” é caracterizado por expressões brasileiras cômicas e irreverentes – uma verdadeira tropa de choque emocional, invadindo posts com sátiras, memes visuais do ex-jogador Vampeta nu e referências nacionais. O termo “vampetaço” já circulava como conceito de trolling coletivo, mas o caso tarifário foi seu uso mais recente e viral. O termo não só dialoga com a cultura de zoeira digital, mas assume função simbólica de resistência performática e tipicamente brasileira.

As postagens nas redes vão do nacionalismo a zoeira, da campanha #respeitaoBrasil; “deixe o Brasil em paz!”; #brasilsoberano até: “o Trump descobrindo que Deus é brasileiro”; “o Trump ameaçando o Alexandre de Moraes como se um homem careca fosse ter medo”; “Se botar imposto no nosso aço, a gente cancela vocês igual fizemos com o Porta dos Fundos”, ou “Isso é inveja do nosso pré-sal e da coxinha do Brasil” circularam em threads com centenas de curtidas.

O episódio reafirma o curioso fenômeno de engajamento modulável: enquanto o governo ensaiava um discurso e resposta ao mesmo tempo técnico, no campo da economia e político, no campo da soberania, e a oposição preferia culpar o presidente da república, Luís Inácio Lula da Silva, o verdadeiro barulho veio de baixo, das caixas de comentário, onde o algoritmo premia volume e engajamento.

A extrema-direita brasileira, e a politica engessada na lógica da polarização, perdeu o timing do engajamento: preferiu atacar Lula em vez de se opor à taxação em si. Mais do que isso, o clã Bolsonaro foi o articulador do tarifaço, em explícito movimento de lesa-pátria que virou comunicação memética.

Já o governo recorreu a defesa da soberania, com uma comunicação popular que surtiu efeito nas redes e na disputa narrativa. Mas quem realmente articulou uma resposta popular foi o comentariado. O teclado virou barricada digital. Esse engajamento em tempo real surpreendeu até a extrema-direita, que tem ocupado os algoritmos com impulsionamentos, bots e “cidadãos robôs”.

Nacionalismo Líquido

Mas o movimento contra o tarifaço é uma expressão de ativistas organizados? Uma sinergia entre a comoção popular e a comunicação do governo Lula e o ativismo progressista deu “match”. Mas é importante observar e analisar essa fluidez que faz com que os mesmos indivíduos que torcem o nariz para políticas públicas progressistas advogarem causas coletivas quando o “interesse da nação” está em jogo. Assim, a extrema-direita, acostumada a impor narrativas por meio de bots e influenciadores, foi surpreendida por um nacionalismo líquido: apoiadores e não apoiadores do governo, um grande contingente de brasileiros se uniu para defender o país contra as tarifas de Trump.

Figuras como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, depois de colocar na cabeça o boné pró EUA, mudaram o tom e passaram a adotar uma retórica mais patriótica, pressionados pelo enxame de comentários que não estavam dispostos a aceitar insultos à pátria, prejuízos econômicos para o país— mesmo quando vindos de aliados ideológicos.

Eis a ironia: o nacionalismo de rede independe de governo? O que se defende é o Brasil-meme, o Brasil-conceito, o Brasil dos comentários “com orgulho de ser BR”.

Mas se essa reação emocional nos feeds e posts é simpática à primeira vista, seus efeitos colaterais são evidentes: a mesma mobilização digital que protesta contra taxações pode, com a mesma intensidade, se transformar em tribunal inquisitorial. A atriz trans, Karla Sofía Gascón, indicada ao lado de Fernanda Torres para o Oscar sofreu uma campanha de ataques transfóbicos violentos nas redes. Um linchamento moral travestido de crítica cultural, em que os comentaristas se sentiam autorizados a decidir quem pode ou não ser premiada na disputa do Oscar 2025.

Diante de uma crítica negativa ao filme Ainda Estou Aqui no jornal Le Monde, os comentários dos brasileiros foram furiosos, mas também debochados e engraçados: “Pão de queijo é melhor que croissant” e outros impropérios mais pesados. A campanha pelo filme no Oscar 2025 teve clima e engajamento de Copa do Mundo, algo inédito em se tratando de um produto cultural brasileiro, e um filme evocando os efeitos subjetivos, afetivos e políticos da ditadura militar no país.

Outro caso revelador ocorreu com a morte da brasileira Juliana Marins, que, em julho de 2025, caiu durante uma trilha no Monte Rinjani, na Indonésia e morreu tendo grande demora e dificuldade em ser resgatada. A comoção pela tragédia — uma jovem mulher, viajando sozinha, num país distante — rapidamente se converteu em linchamento digital: milhares de comentários foram direcionados a perfis institucionais do governo indonésio, páginas de turismo e guias locais, exigindo justiça, responsabilizando as autoridades e até impropérios contra a geografia do lugar.

Comentários como “Nunca mais piso nesse país” ou “Culpa é da Indonésia, não da Juliana” inundaram as postagens, revelando uma forma de projeção emocional difusa, que transforma a dor em ataque, e o luto em julgamento público sem mediação.

Emoção coletiva modulada por algoritmosEsses episódios exemplificam o que podemos chamar de enxameamento afetivo-opinativo: reações coletivas amplificadas por redes, em que o desejo de expressão individual se funde a uma emoção coletiva modulada por algoritmos.

Nos embates políticos como o do tarifaço, trata-se menos de posicionamento ideológico definido do que de resposta imediata à quebra de expectativa, ao deslocamento simbólico, ao incômodo que não encontra lugar na gramática pública tradicional.

O engajamento do comentariado não busca solução, busca visibilidade, efeito e validação performática. A reação passa a ser um fim em si mesma. Esses episódios mostram o quanto a esfera pública digital se tornou também uma arena de reações emocionais desproporcionais, que oscilam entre o desejo de justiça e o impulso punitivista, entre o afeto nacionalista e a intolerância persecutória.

O comportamento de enxame expressa tanto uma inteligência coletiva emergente quanto uma lógica predatória, em que a defesa da nação pode, paradoxalmente, andar de mãos dadas com a produção de ódio, desinformação e linchamento moral.

Esse tipo de reação não precisa de passaporte, tampouco de credenciais institucionais. Basta um celular, uma conexão estável e o desejo de opinar sobre tudo. Como politizar os afetos?

Espaço Público Digital

Há aqui um campo fértil de análise: esse comportamento de enxame, ao mesmo tempo reativo e criativo, ofensivo e comunitário, revela as formas contemporâneas de construção de sentido e pertencimento no ambiente digital

Não há ironia suficiente que dê conta da intensidade com que brasileiros comentam tragédias geológicas e premiações culturais como se estivessem em uma final de Copa do Mundo — mas talvez essa seja justamente a pista: a lógica do futebol, da torcida, do antagonismo, da catarse coletiva, passou a organizar também os afetos políticos e culturais no espaço das redes.

A pergunta que se impõe, portanto, não é se essas reações são “justificáveis”, mas o que elas nos dizem sobre a forma como se estrutura o espaço público digital hoje: como uma arena de disputas simbólicas de alta rotatividade, onde qualquer post pode virar palanque, trincheira ou tribuna — e onde o senso de pertencimento passa pela performance comentada.

Como pensar uma lógica de mediações e regulações, aqui? O que temos é uma ruidocracia em rede, operando em tempo real, guiada por afetos de choque, memes de protesto e uma memória coletiva que vive e morre em alguns caracteres por segundo.

O comentariado brasileiro, com sua mistura de humor e e patriotismo performativo, transformou-se em uma força geopolítica que pode ser espontânea, mas também manipulada por algoritmos e fake news, já que o negócio das redes é justamente o engajamento, pouco importando se para atacar as democracias e a coesão social ou abolir o Estado Democrático de Direito. Como diria um anônimo: “Não sei o que está acontecendo, mas vim aqui defender o Brasil”.

O Poder do Comentariado na Era Digital

As interações e conversações na era das redes digitais e plataformas se tornaram tão cotidianas e alteraram de tal modo nossas formas de conversar que, desde 2015, Sherry Turke reivindicava uma restauração da conversa presencial, no seu livro “Reclaiming Conversation: The Power of Talk in a Digital Age”.

Quanto você está presente em uma conversa ? As tecnologias digitais e redes sociais, ao abrirem janelas de co-presença (estou aqui, mas estou olhando o WhatsUp, as notificações, meu feed) afetaram nossa capacidade de manter conversas significativas cara a cara, diminuindo o engajamento emocional, afetando nossa empatia e nos “distraindo”.

Ao mesmo tempo, as redes e plataformas digitais abriram um campo de interações e conversações novas em tempo real e em fluxo contínuo, com desconhecidos, em escala massiva.

Turke argumenta que as conversas presenciais têm o poder de construir conexões mais duradouras, resolver conflitos, que a presença física permite a leitura de expressões faciais, linguagem corporal e tom de voz, elementos que podem ser cruciais para uma comunicação ou interação mais significativas, que crie laços emocionais e vínculos mais fortes.

Acompanhamos nas redes, pessoas que são habitués dos comentários, que disputam opiniões, razões, interagem, se apoiam, se digladiam, fazem humor e fomentam uma prática dialógica, de trocas reais, ou monológica (reafirmação repetida de valores e crenças). A conversação entre muitos produz novas associações, informações e sentidos que “fogem” por todos os lados. Uma inusitada forma de estar juntos, que atravessa os mais diferentes estados emocionais e mentais, como em uma conversa infinita.

Estamos vendo um deslocamento da comunicação de uma função informativa para sua função expressiva nessa conversação de muitos com muitos?

Para além de informar, o comentariado passa a inserir funções derivadas (o humor, o entretenimento, a hiperpolarização), a interação passa a ser comandada pelos desejos e crenças, por caixas de ressonâncias, ou câmaras de eco e “bolhas” em que as pessoas são expostas principalmente a opiniões semelhantes às suas, reforçando suas crenças e percepções, eliminando o contraditório. A informação circula em loop, como um eco que se repete sem ser questionado.

Essa interação afetiva já vinha se desenhando com a “economia do like” , as curtidas, os emojis, os ranqueamentos e listas de amigos, conhecidos, seguidores, “seguimores” e odiadores, uma franca virada da comunicação para incorporar e monetizar a economia dos afetos e da reação emocional.

O grau de virulência de muitos desses comentários excedem muitas vezes o razoável ou a legalidade e violam as regras da convivialidade e (eis a batalha para regular redes e plataformas) poderiam ser suspensos, pausados, bloqueados ou mesmo banidos ou excluídos de um ambiente digital.

Podemos dizer que o comentariado pode expressar uma “intelectualidade de massa”, uma inteligência coletiva, mas também produzir uma turba e multidão virtual enfurecida e capaz de produzir estragos reais e subjetivos, no seu enxameamento.

Comentando os comentários: Fragmentos do discurso afetivo

Fazer e seguir comentários de um, de dez ou de mais de 2 mil pessoas em um post nas redes sociais e plataformas tornou-se um hábito ou um “vício” como dizem alguns, que os próprios comentadores contumazes costumam denunciar e celebrar: “só vim para ler os comentários”, “aguardando os comentários”, “pelo nível dos comentários”, “vendo os comentários”, “é cada comentário”, “pela quantidade de comentários”, “não posso comentar porque não tenho advogado”, etc. Um prazer e consciência que passa por essa escrita quase de exorcismo e catarse.

Aqui, destaco esse comentariado afetivo, que habita principalmente os posts que ativam a memória, os afetos e hábitos cotidianos, os pequenos gestos impensados, as expressões do dia a dia. São depoimentos, casos e finas observações sobre irmãos, família, cachorros e gatos, amigos, cerveja, festas, chinelos, cozinha, faculdade, sexo, mães, uma impressionante contribuição milionária, divertida e inusitada de fragmentos de discursos sobre a vida.

Os comentários que envolvem matérias de ter político-partidário, comportamentos, posições políticas tendem a ser bem mais maniqueístas e clichês, com um nível de redundância maior nas argumentações e no tom utilizado.

Foi nesse campo que desde as eleições presidenciais de 2018, com a ascensão de grupos de extrema direita no país passamos também a estudar o chamado comportamento de manada ou de enxameamento, nas ruas e nas redes. Uma noção que faz uma analogia do comportamento humano com o comportamento de animais quando se juntam para se proteger, reagir a uma ameaça ou fugir de um predador.

Entre os humanos essas noções são usados para analisar “decisões” e comportamentos coletivos, a partir de um influenciador, a partir de outros indivíduos ou grupos (mas também a partir do uso massivo de bots ou robôs nas redes, bombardeamento de notícias, etc.). Elementos e agentes que produzem ou fazem emergir uma “tendência” ou uma “opinião pública fabricada” e que podem estar presentes tanto nas decisões voláteis do mercado financeiro, na eclosão de protestos nas ruas, atos e ondas de solidariedade e comoção ou em comportamentos predatórios e extremistas.

Inteligência de Enxame

Mas, para além do enxameamento cooperativo das formigas e abelhas, decisivo para a sobrevivência da colônia, tema abordado por Johnson, a cultura digital deu visibilidade e facilitou  também os enxameamentos predatórios, que podem ser encontrados na natureza, em cardumes de peixes, matilhas de lobo, bandos de pássaros de rapina que cooperam para aumentar as chances de sucesso em ataques a suas presas.

No mundo digital, os ataques hackers, os usos de bots maliciosos, os ataques coordenados usando fake news e disparos nos grupos de Whatsapp e Telegram, o uso de algoritmos para “bombardear” grupos , redes, sistemas e pessoas com desinformação e produção de medo, ira e indignação, também tem produzido discursos de ódio, ações violentas e/ou saques e mostrado grande eficácia.

A ciência da computação e a Inteligência Artificial, buscando desenvolver algoritmos e modelos computacionais capazes de resolver problemas complexos, científicos, de saúde, voltados para o bem comum, também tem produzido experimentos pouco éticos com enxameamentos e comportamentos de manada que estamos longe de acessar ou acompanhar de forma transparente ou com poder de barrar ou intervir.

O que traz o debate para todos os desdobramentos políticos, jurídicos e sociais hoje, com o uso da IA no ChatGpt, nos aplicativos de produção de textos e imagens que podem violar direitos autorais, plataformas e Big Techs lucrando com desinformação, viés de interpretação e tantas outras questões difíceis.

Falar sempre foi um lugar de poder. Opinar, analisar, publicar constitui capital simbólico e real passível inclusive de monetização. O que estamos experimentando é uma mudança, um “declínio” desse intelectual público clássico com a ascensão da cultura digital e do comentariado: da massa que opina, publica, critica, dos intelectuais do Youtube, do Instagram, dos influenciadores e formadores de opinião do Twitter, agora X (BENTES, 2024) Eles já colocam em xeque a reserva de mercado de inteligência, opinião e análise do intelectual clássico, provocando uma redistribuição de capital simbólico.

Como vimos, o comentariado tem produzido comportamento de manada, enxameamentos para o bem e para o mal, linchamentos, cancelamentos, destruição de reputações, desinformação global e fake news, um efeito colateral da cultura digital massiva imprevisível e que de fato não foi previsto pela maioria dos pensadores do digital. Mas produz também outra desordem estrutural que possibilita uma nova partilha do sensível.

Em uma matéria de 2019, da Agência Pública nos damos conta como nos últimos anos, a plataforma do Facebook “acelerou os registros de patentes relacionadas à modulação de reações emocionais dos usuários ”, apresentando conteúdos adicionais para um usuário de redes sociais baseado em uma indicação de tédio” :

“A ferramenta permite que uma rede social identifique níveis de tédio – como recarregamento do feed de notícias e baixa interação com publicações – e iniba essa sensação. “A rede social apresenta conteúdos alternativos através do feed de notícias ao usuário com indicativo de tédio para encorajá-lo a interagir com os conteúdos”, explica o texto da patente.”

O deslizamento e rolagem infinita das telas não é “natural’, mas um resultado do design e interface que nos impulsionam mais e mais, produzindo uma grande dificuldade de se desligar ou largar os aparelhos de celular, um vício, um hábito, um “calo”, uma ‘muleta” emocional. O espaço cada vez mais relevante e massivo para os comentários nas postagens e plataformas está nessa fronteira de um desejo vital de expressão e comunicação e sua gestão e modelagem.

Fato é que a conversação digital aponta para novos povoamentos imprevisíveis que se formam em linhas e linhas desse comentariado engajado, deslizante e mesmo esquizo, como em uma conversa de bar em que se pula de tópico em tópico com uma liberdade e cumplicidade que engaja e envolvem os comentadores e oferece para quem lê um instantâneo dessa emergente ruidocracia, como gosto de nominar a esfera pública digital