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Flow: uma fábula do século 21 sobre respeito à diversidade
Com uma narrativa visual poderosa, a obra celebra a união e a aceitação em um mundo que precisa urgentemente de ambas.
Por Lucas de Paula
Quando a solidão é tudo o que se tem, é aí que aparecem as pessoas mais inimagináveis em nosso caminho. Se as fábulas que ouvíamos quando crianças fossem escritas nos dias atuais, talvez elas fossem mais ou menos como a do barco de Flow. Em um mundo devastado pela água e tendo apenas um barquinho como salvação, as diferenças são o que unem os animais nessa arca de Noé dos tempos modernos.
Flow, animação dirigida por Gints Zilbalodis, conta a história de um gato solitário que, após uma enchente devastadora, encontra abrigo em um barco com diversas espécies de animais: de cães a garças, de lêmures a capivaras. Aos poucos, a introspecção e resistência do gato em relação aos demais companheiros vão dando espaço a uma linda história sobre amizade e aceitação das diferenças.
Não é à toa que diferentes espécies foram escolhidas para habitar o barco. A intenção era justamente essa: mostrar que, mesmo com as diferenças naturais de cada um, ainda assim é possível viver em comunidade e construir laços. Em tempos em que as adversidades tomaram conta do mundo, a união entre eles se faz essencial para trazer força uns aos outros e, mais do que isso, para ter fé de que o mundo pode ser melhor.
Em um filme onde as interações silenciosas predominam, a escolha visual realista traz muitos detalhes aos comportamentos e expressões dos bichos. A fábula do século 21 é o retrato da diversidade em um tempo em que não há mais espaço para a intolerância.
Texto produzido em colaboração a partir da Comunidade Cine NINJA. Seu conteúdo não expressa, necessariamente, a opinião oficial da Cine NINJA ou Mídia NINJA.