Por Laila Shams

O artista gaúcho Filipe Harp criou um mural em graffiti em homenagem à atriz indicada ao Oscar, Fernanda Torres, no bairro Cidade Baixa em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. A arte de rua mostra Fernanda segurando o seu Golden Globe de melhor atriz e em cima leva a escrita de “Ditadura Nunca Mais”, a pedido da CasaVerso, onde o mural se encontra. 

Filipe Harp conversou com a gente sobre a sua arte e a homenagem à atriz brasileira. Natural de Porto Alegre, seu primeiro contato com o Graffiti foi em 1999. É fundador do Espaço Cultural Conceito Arte e suas obras têm como características as formas circulares e geométricas. Sua arte autoral é um pássaro onde as cores se mesclam em perfeita sincronia. 

Laila Shams: O que te inspirou a criar a homenagem para Fernanda Torres com a mensagem Ditadura nunca mais?

Filipe Harp: A arte da Fernandinha foi inspirador de mais, quem viu o filme sabe o quanto é envolvente e com uma história que só a arte pode contar. A mensagem Ditadura nunca mais, foi um pedido da Casaverso.

LS: CHIMELO é uma obra tua, apagada duas vezes, que teve um peso muito grande para quem viveu as enchentes de maio do ano passado. Como tu vês a arte no processo político de mudança?

FH: A arte do CHIMELO, apesar da sua popularidade, me trouxe muitos problemas. A única coisa legal disso tudo, foi ver a população apoiar a arte.A arte também denuncia momentos e fatos, e é isso pode trazer uma mudança significativa pra população.

Além da censura que a obra sofreu sendo apagada, Filipe foi acusado de propaganda eleitoral antecipada, sendo absolvido de forma unânime pelo Tribunal Superior Eleitoral (TRE). Apesar dos problemas encarados, Filipe reforça sobre o filme e a sua vida como artista:

FH: O filme tem uma narrativa muito forte, mexe com as pessoas e nos questiona o quanto a frase da arte faz sentido: DITADURA NUNCA MAIS. A minha experiência foi refletir na nossa liberdade de expressão. Mesmo sabendo que em pleno 2024, ainda passamos por uma censura (minha arte). Isso só me fez pensar, como seria a minha vida artística naquela época…Provavelmente, eu seria mais um torturado.

‘Ainda Estou Aqui’ impacta não somente por ser uma história real de um passado tenebroso, mas porque é a memória do que não deverá se repetir. Somos os artistas, os  jovens, as crianças de ontem. E a arte é a resistência de quem não se conforma. Falando sobre isso, Filipe diz que tem vários projetos para o futuro:

Um deles é cenas de filmes brasileiros, numa grande escala. Dar seguimento ao projeto preserve e pintar muito. (Mandem jobs) heheh

Filipe vibra com o cinema brasileiro e deixa sua mensagem:

Vitória pra Fernanda, Vitória pro Brasil, Vitória pra Arte. A arte salva.

Pelo tantos artistas que tiveram seu futuro ceifado na ditadura, celebremos os nossos artistas de hoje que ainda resistem à censura. Afinal a arte que incomoda, é revolucionária.

Foto: Foto pelo artista Filipe Harp

Para acompanhar o artista e para saber mais de seu trabalho, siga suas redes sociais: @filipeharp @coisasdaruaa.

Texto produzido em colaboração a partir da Comunidade Cine NINJA. Seu conteúdo não expressa, necessariamente, a opinião oficial da Cine NINJA ou Mídia NINJA.