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‘Flow’: Como uma animação independente está desafiando os padrões da indústria
A obra, protagonizada por um gatinho preto, leva a Letônia ao Oscar 2025 e reforça o debate das animações independentes.
Por Juliana Marques
A Animação Letã Que Conquistou o Mundo
O filme ‘Flow’, do diretor Gints Zilbalodis, conquistou grande reconhecimento internacional e se tornou a produção mais assistida da Letônia. Lançado no Festival de Cannes em 2024, o longa foi aclamado pela crítica e recebeu indicações ao Globo de Ouro e ao Oscar 2025, nas categorias Melhor Animação e Melhor Filme Internacional. Além disso, a equipe responsável pelo filme recebeu diversas homenagens e prêmios.
Apesar desse sucesso, o Ministério da Cultura da Letônia reconheceu que o investimento no setor audiovisual do país ainda é inferior ao de outras nações bálticas, como Estônia e Lituânia. A repercussão do filme reforçou a necessidade de mais incentivos para o cinema independente letão, abrindo caminho para novos talentos e produções inovadoras.
Uma Jornada Sensorial e Sem Palavras
A trama acompanha Gato, um felino que perde seu lar em uma inundação e embarca em um barco habitado por diferentes espécies de animais. A convivência entre eles se torna o ponto central da narrativa, abordando os desafios da adaptação e a construção da harmonia em meio ao desconhecido.
Sem diálogos, Flow aposta na expressão corporal dos personagens e na comunicação visual, tornando o espectador parte da jornada do protagonista. A fotografia do filme conduz o olhar do público a enxergar o mundo pela perspectiva do gatinho, enquanto a trilha sonora e a mixagem de som elevam a experiência sensorial.
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O som também desempenhou um papel fundamental na construção da atmosfera do filme. Além de dirigir, roteirizar e animar, Zilbalodis também contribuiu para a produção sonora, trabalhando em conjunto com a equipe de mixagem. O resultado foi um trabalho primoroso, que combina sons ambientes com a captação realista dos sons dos animais, proporcionando uma experiência ainda mais imersiva.
Criatividade e Técnica no Cinema Independente
Produzido com um orçamento de 3,6 milhões de euros, Flow exemplifica como a arte pode superar barreiras financeiras. Para reduzir custos, o diretor Gints Zilbalodis utilizou o software de código aberto Blender 3D e, em vez de storyboards tradicionais, criou um set de filmagem digital para planejar os enquadramentos e composições.
A escolha estilística do filme que remete às pinturas em aquarela, afasta-se da tendência do hiper-realismo de grandes estúdios buscando uma identidade única e reforçando a importância da experimentação na animação.O resultado é um traço fluido que cria uma atmosfera lúdica, em que os cenários e os animais conversam em um ambiente imersivo e dinâmico.
Confira os bastidores do filme explicado pelo diretor:
O Impacto no Cinema e o Futuro da Animação
A ascensão de Flow destaca como o cinema independente pode alcançar reconhecimento global sem depender de orçamentos bilionários. Enquanto Hollywood investe em remakes e live-actions prezando pelo realismo, filmes como Flow mostram que inovação e autenticidade podem cativar o público, mesmo com orçamento modesto.
O sucesso do longa abre espaço para discussões sobre o futuro da indústria cinematográfica na Letônia e o papel do incentivo cultural na produção de novas obras. Será que veremos mais filmes independentes letões ganhando notoriedade internacional? Se Flow nos ensinou algo, é que a criatividade ainda pode vencer as barreiras do mercado cinematográfico.
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exto produzido em colaboração a partir da Comunidade Cine NINJA. Seu conteúdo não expressa, necessariamente, a opinião oficial da Cine NINJA ou Mídia NINJA.