A primeira rebelião de escravizados negros na América, foi no natal
Por Juan Manuel Palomino Domínguez No Natal de 1521, numa das primeiras plantações de açúcar estabelecidas no Novo Mundo, na atual República Dominicana, e particularmente numa plantação açucareira de Diego Colombo, filho de Cristóvão Colombo aconteceu a primeira de uma sequência de rebeliões de escravizados africanos, o que deu origem às primeiras leis escravistas (brutais) […]
Por Juan Manuel Palomino Domínguez
No Natal de 1521, numa das primeiras plantações de açúcar estabelecidas no Novo Mundo, na atual República Dominicana, e particularmente numa plantação açucareira de Diego Colombo, filho de Cristóvão Colombo aconteceu a primeira de uma sequência de rebeliões de escravizados africanos, o que deu origem às primeiras leis escravistas (brutais) do continente.
Um grupo de escravizados negros, da etnia Gelofa, levantou-se contra os seus senhores naquela que foi a primeira rebelião de escravos africanos na América, fato muito desconhecido durante 500 anos, apesar de que suas consequências foram transcendentais em todo o continetente americano.
A quase totalidade dos historiadores concordam em que aconteceu no natal de 1521, além do fato de ter ocorrido na atual República Dominicana.
Alguns propõem que foi em Boca de Nigua, 25 quilômetros a sudoeste de Santo Domingo, outros que o levante ocorreu nos primeiros estabelecimentos instalados pela família Colón na área próxima ao rio Isabela, mais próximo da cidade de Santo Domingo.
De qualquer forma, acontecimentos violentos acontecimentos devido aos maus tratos e às condições de vida, ocorreram em 26 de dezembro de 1521, Com o intuito de exterminar os espanhóis, os insurgentes, da etnia Gelofe, “procuraram reproduzir-se como movimento” e avançaram “para conquistar outros engenhos de açúcar e assaltar as casas dos seus senhores”.
As autoridades coloniais de Hispaniola, chefiadas pelo governador Diego Colombo, responderam imediatamente ao levante com força suficiente militar o suficiente para derrotá-los.
Leis e punições
Apenas doze dias após a revolta, em 6 de janeiro de 1522, uma lei sobre a escravatura foi promulgada para evitar futuras rebeliões, enquanto as colinas para onde fugiram eram rastreadas.
São as primeiras instruções legislativas que refletem a nova fase histórica de escravatura em massa, desenraizamento transatlântico e sofrimento colossal que a expansão europeia gerou na população negra africana. Ao mesmo tempo e mais especificamente, constituem uma janela reveladora para os primórdios da escravatura e da resistência negra na América, informando-nos muito sobre o que as primeiras autoridades coloniais espanholas consideram importante o que queriam aconteceu, o que estava acontecendo e quais comportamentos eles queriam reprimir dentro da população escravizada de Hispaniola. As leis de 1522 também esclarecem outros eventos na colônia que são mencionados no texto das portarias, como explicação e justificação das mesmas.
Ao serem capturados, foram submetidos a punições aberrantes, como a amputação de pés ou mãos, “foram-lhes colocadas focinheiras para que não se comunicassem entre si, alguns acabaram enforcados.
Esta primeira rebelião criou uma consciência libertária nos grupos africanos, foi precursora das insurreições entre 1530 e 1540, período de maior procura de açúcar e em que a indústria açucareira colonial adquiriu maior força.
Após os acontecimentos de 1521, os espanhóis começaram a trazer bozales pretos para os engenhos de açúcar, em vez de ladinos, na esperança de que fossem mais submissos, mas fracassaram, porque o movimento continuou.
A rebelião de 1521 é um legado não só de todas as populações negras das Américas, mas de todos os habitantes do Hemisfério Ocidental e do mundo, e representa a brutalidade do processo colonizatório, seu caráter criminoso, assassino e saqueador. A história do continente americano e do continente africano será sempre a de duas regiões covardemente saqueadas, empobrecidas e brutalizadas pela Europa. Irá demorar muito, mas muito tempo em se fazer justiça até o dia em que a reparação histórica seja um fato indiscutível.