Dez manchetes BIZARRAS sobre o futebol feminino
No jornalismo, ainda é comum que sejam escolhidas manchetes tendenciosas cujos textos sejam direcionados a temáticas pessoais e invasivas
No jornalismo, ainda é comum que sejam escolhidas manchetes tendenciosas cujos textos sejam direcionados a temáticas pessoais e invasivas
Foto: Jornal Manaus Hoje
Por Lathara Veríssimo
Infelizmente, ainda é comum, no jornalismo, que, ao se noticiar sobre mulheres de destaque, sejam escolhidas manchetes tendenciosas cujos textos sejam direcionados a temáticas pessoais e invasivas. Separamos 10 momentos em que o jornalismo tratou, de forma absurda, as jogadoras de futebol.
1 – “Ary Borges, da maternidade precoce à estreia perfeita”
Começando por essa manchete, que mistura sensacionalismo com fake news. Alguns jornais não só decidiram que o irmão de Ary Borges seria filho dela, como também elaboraram uma narrativa de maternidade precoce e o afastamento temporário da carreira devido à gravidez.
Link da matéria: https://www.publico.pt/2023/07/24/desporto/noticia/ary-borges-maternidade-precoce-estreia-perfeita-2057991
2 – “Jogadoras terão de mostrar genitais para disputar Copa? Entenda a polêmica”
Sem qualquer apontamento crítico à transfobia e recheado de equívocos com a diferença entre gênero e sexo biológico, aqui, a manchete foi diretamente ao ponto mais íntimo do corpo feminino.
Link da matéria: https://www.uol.com.br/esporte/futebol/colunas/rafael-reis/2023/06/15/jogadoras-terao-de-mostrar-genitais-para-disputar-copa-entenda-a-polemica.htm
3 – “Festa sexual com jogadoras e treinadores do Famalicão denunciada à Federação”
Antes de tudo, é importante se atentar de que não se trata de um jornal de fofoca, mas sim de notícia desportiva. E, depois, é preciso prestar atenção em um detalhe gravíssimo: o treinador estava sendo acusado de assédio. Mas, então, surge uma atleta que denuncia uma festa na qual aconteceu “uma alegada orgia e práticas de cariz sexual”, e ela cita que pelo menos oito jogadoras estavam presentes. É super conveniente manchar a imagem das jogadoras no momento em que estão denunciando assédio sexual, não?
Links da matérias:
4 – “QWERTY e a Copa do Mundo – O futebol feminino me faz lembrar do teclado do meu computador”
O homem faz uma enorme argumentação para justificar que o futebol feminino não é relevante. E, depois, faz uma argumentação citando equidade de gênero para dizer que não vai ganhar público. Detalhe: a coluna dele é sobre economia, não sobre equidade de gênero, futebol ou qualquer tema afim.
Link da matéria: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/bernardo-guimaraes/2023/07/qwerty-e-a-copa-do-mundo.shtml
5 – “Aitana Bonmatí, jogadora da Espanha, explana beleza natural de biquíni e hipnotiza”
Existe uma categoria específica de matérias que se resumem à: “jogadora fulana de tal de bíquini/fio dental” e também existem profissionais que se dedicam a escrever esse tipo de matéria. Será que ainda é necessário falar sobre isso em 2023? Ainda tem profissional que acha bacana fazer esse tipo de reportagem, que se resume a hiperssexualizar uma atleta?
Link da matéria: https://spinoff.com.br/entrete/aitana-bonmati-jogadora-da-espanha-explana-beleza-natural-de-biquini-e-hipnotiza/
6 – “Carla Humphrey, do Liverpool, coloca corpaço pra jogo e denota beleza.”
Mas se engana quem acha que o que gera a hiperssexualização é um biquíni. A jogadora postou uma foto de vestido e o fato de a perna dela ser torneada – uma atleta com músculos nas pernas? – foi o suficiente para gerar conteúdo do tipo. Uma das melhores observações na matéria, que tenta disfarçar a objetificação, é dizer que o vestido lilás, acentuando as pernas, mostrou que a jogadora tem personalidade encantadora e talentosa.
Link da matéria: https://www.bol.uol.com.br/entretenimento/2023/07/10/carla-humphrey-do-liverpool-coloca-corpaco-pra-jogo-e-denota-beleza.htm
7 – “Gatas do futebol feminino batem um verdadeiro bolão! Além de craques dentro de campo, elas fazem sucesso fora dele”
Esse é um tipo de matéria clássica dos anos 2000. Durante algum tempo, a ferramenta usada para trazer público para o futebol feminino foi a beleza das jogadoras. Mas, na verdade, o futebol feminino estava sendo usado como ferramenta de entretenimento para tarados.
Link da matéria: https://esportes.r7.com/futebol/fotos/gatas-do-futebol-feminino-batem-um-verdadeiro-bolao-22112014
8 – “Troca de Camisas, o melhor deste jogo”
Os anos 90 e 2000, realmente, não eram para qualquer um. O processo de construção da imagem para que a mulher coubesse dentro de campo veio junto de um caminhão de sexualização dos corpos das jogadoras.
Link da matéria: https://dibradoras.blogosfera.uol.com.br/2019/05/22/o-futebol-feminino-ja-foi-visto-assim-o-que-diriam-dessas-imagens-hoje/
9 – “Esquadrões femininos rolam a bola no Rio”
E, até algumas que pareciam mais profissionais, só pediam uma olhada mais atenta à escolha de imagens ou uma breve leitura para encontrar os absurdos. Como, por exemplo, o fato de ser necessário uma comissão técnica quase toda feminina para evitar assédio, mas que havia um homem no cargo de massagista, posição invejada por todos os homens.
10 – “Meninas dão de quatro”
Essa aqui foi de 2016 e o jornalista tentou fazer aquelas piadocas “super divertidas” com o placar do jogo da Seleção Brasileira contra o time da Rússia.
BÔNUS: “Veja os cliques mais quentes das musas do esporte. Atletas sensualizam de maneira ‘sem querer’ por meio de fotos”
Sem dúvidas, esse aqui é um dos mais podres. Sabe aquele medo de que a maioria de nós tem de ter uma foto tirada de contexto ou de ser fotografada em um momento “ruim” e essa foto viralizar? Essa é uma sequência de fotos sexualizadas de atletas que estavam em competições.
Link da matéria: https://esportes.r7.com/futebol/fotos/veja-os-cliques-mais-quentes-das-musas-do-esporte-03022014
Texto produzido em cobertura colaborativa da NINJA Esporte Clube
