Por Raisa Gonçalves

No universo do futebol feminino, lutas e questões sociais ganham destaque, com temas como racismo, homofobia e igualdade de gênero estão frequentemente em pauta. Entre as vozes mais proeminentes nesses debates está Quinn, meio-campista canadense que se destaca não apenas por suas habilidades em campo, mas também por sua coragem ao abordar a identidade de gênero.

Na semana passada, Quinn fez história ao se tornar a primeira pessoa transgênero e não-binária a participar de uma Copa do Mundo masculina ou feminina, atuando por 90 minutos no empate em 0 x 0 contra a Nigéria em Melbourne. Apesar desse resultado nada favorável para o Canadá, Quinn traz consigo uma trajetória como medalhista de ouro nas Olimpíadas de Tóquio em 2021 onde a seleção canadense bateu a Suécia nos pênaltis na final de Tóquio e se sagrou campeã. Na segunda rodada, Canadá elevou sua pontuação em vitória contra Irlanda, mostrando que ainda está no jogo para as oitavas.

Utilizando pronomes neutros em seu tratamento, Quinn menciona, em inglês, os termos “they/them” que costumam ser usados. No português, muitas pessoas adotam o correspondente “elu/delu”.

Quinn é um exemplo de representatividade e inclusão. Seu impacto transcende as fronteiras do esporte, alcançando a comunidade trans e além. Nas redes sociais, Quinn compartilha abertamente sua jornada, incluindo sua experiência com a cirurgia afirmativa de gênero, a mastectomia, que lhe trouxe conforto, confiança e alívio.

 

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Quinn assumiu sua identidade não-binária em 2020, marcando um momento de transformação significativo em sua vida. Além de anunciar sua mudança de identidade de gênero, Quinn também anunciou que abandonaria seu primeiro nome “Rebecca” e optou por usar apenas o nome de família “Quinn”.

Desde então, tem se dedicado a romper barreiras, enfrentando desafios e conquistando vitórias tanto dentro como fora do campo. Continuou a representar a seleção feminina do Canadá, destacando-se em torneios importantes e mostrando que é possível conciliar a identidade de gênero com uma carreira esportiva bem-sucedida.

Em suas próprias palavras para Toronto Star, Quinn afirmou:

“Quero ser uma figura visível para jovens trans ou pessoas que questionam seu gênero, pessoas que exploram seu gênero”.

Quinn reconhece a importância de servir como inspiração, especialmente porque, durante seu crescimento e processo de autodescoberta na faculdade, não havia muitas figuras públicas que a representassem.

Para Quinn, ser uma pessoa trans visível no esporte é uma missão vital: “Existem vários atletas trans e várias pessoas trans na mídia e na política, mas acho que esses rostos não são comuns o suficiente”. Seu desejo é que os jovens trans possam se enxergar em seu caminho, percebendo que têm um futuro promissor e uma carreira a seguir.

Com planos de seguir em sua carreira esportiva e participar de importantes competições futuras, Quinn mostra que está apenas começando a escrever seu capítulo na história do futebol e da luta por igualdade de gênero.

Seu exemplo ecoa como um convite para a sociedade, lembrando-nos da importância de acolher e valorizar a diversidade, e de quebrar as barreiras que ainda limitam a plena expressão da individualidade de cada ser humano.

Texto produzido em cobertura colaborativa da NINJA Esporte Clube