Uma deputada LGBT na Assembleia de MG pela primeira vez em 180 anos
Meu mandato será pé no barro e comprometido com as lutas sociais
Meu mandato será pé no barro e comprometido com as lutas sociais
Sou a primeira mulher orgulhosamente LGBT eleita como deputada na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), na legislatura que conta com o maior número de deputadas mulheres: 15, dos 77 parlamentares. É com essa representatividade, aliada a minha trajetória de luta, que vou construir um mandato pé no barro e apoiar políticas públicas junto aos movimentos e organizações sociais.
Minas é o estado com mais casos de feminicídio, com 154 mulheres mortas em 2021, segundo o 16º Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Já a Polícia Civil de Minas Gerais, reporta 163 casos em 2022, além de outras 195 tentativas de feminicídio. Neste contexto de violências, sabemos que nossa representação é uma conquista, mas que também precisamos ocupar cada vez mais cargos com mulheres comprometidas com as pautas feministas.
O legislativo é a casa do povo e o meu maior desafio vai ser lutar para que a população esteja de fato presente nos debates e no centro das decisões. Minha responsabilidade é trazer a diversidade do nosso povo, das mulheres, de negros e negras, de indígenas, de LGBTs, de populações tradicionais, de trabalhadores informais, ou seja, da maioria dos mineiros. Embora sejamos chamados de “minoria”, somos minoria apenas em espaços de poder e estamos aqui para mudar essa realidade.
Iniciei em fevereiro o mandato como deputada, mas tenho mais de uma década de luta pelo direito à moradia e ao transporte decentes, no enfrentamento às mineradoras, à violência policial e à precarização do trabalho.
Belo Horizonte, cidade na qual atuei como vereadora e que abriga a sede da ALMG, concentra recursos financeiros e poder de decisão. Porém, a capital mineira também abriga diversas famílias que moram em ocupações e ficam meses sem ter água e outros serviços básicos. Se a falta de acesso a direitos acontece no centro do poder do Estado, quem dirá nos interiores. E isso não pode e não vai ficar assim.
Vivemos em um estado rico que precisa de justiça fiscal, e não do chamado “regime de recuperação fiscal” defendido pelo governo de Romeu Zema (Novo). Bastava a revisão de algumas normas, como a Lei Kandir, para promover de fato a justiça que o povo tanto espera.
É preciso desconstruir o mito que Minas Gerais depende economicamente da mineração assassina e predatória. Nossa missão é cuidar do saneamento e garantir moradia no segundo estado com maior déficit habitacional do país. Também vamos encarar com muita determinação o problema da fome, já que 8,2% da população de Minas Gerais está em situação de grave insegurança alimentar, de acordo com dados da Rede PENSSAN.
Nos primeiros dias de mandato já protocolamos uma PEC e alguns Projetos de Lei, entre eles o PL 203 que institui o Programa de Cozinha Solidária para que comida gratuita seja distribuída diariamente para quem precisa. É com esse tipo de projeto que vou marcar minha atuação como deputada estadual.
A disputa socioambiental estará no centro do nosso mandato, tendo a constituição da CPI da Serra do Curral como uma das prioridades. O legislativo mineiro não pode fechar os olhos para as diversas irregularidades que têm marcado a atuação das mineradoras em um dos maiores patrimônios de Belo Horizonte e de Minas Gerais.
Vamos encarar a mineração, o rodoanel, as questões relacionadas à saúde e à defesa dos direitos humanos com a seriedade de quem sabe que política faz a diferença no dia a dia das pessoas.
Trago comigo uma frase do Milton Nascimento que diz: “ponha fé na vida, ponha os pés no chão”. Meu mandato é pé no chão, pé no barro e com muita força, junto aos movimentos sociais, para massacrar o fascismo e fazer uma revolução solidária em Minas e em todo o Brasil.