Bolsonaro deixa rombo de R$ 400 bilhões, denuncia Meirelles
Situação fiscal que Bolsonaro deixará para a gestão Lula, que se iniciará em 2023, pode ser um prejuízo quase três vezes maior do que o estimado pelo atual governo.
Por Mauro Utida
A equipe de transição do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) começa a ter ideia do tamanho do problema deixado pela má gestão do governo Jair Bolsonaro (PL) e de seu ministro da Economia, Paulo Guedes. Diferente do valor previsto pelo atual governo de R$ 150 bilhões de rombo fiscal, o valor pode ser três vezes maior.
A previsão é do ex-presidente do Banco Central e ex-ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Na entrevista que concedeu a GloboNews, nesta sexta-feira (4), Meirelles informou que o prejuízo será quase três vezes maior do que o estimado pelo atual governo. “Na minha avaliação, o tamanho do buraco deixado é mais próximo de R$ 400 bilhões, estimado por entidades independentes, do que dos R$ 150 bi que o governo está falando”.
A fala do ex-presidente do Banco Central no governo Lula e ex-ministro da Fazenda de Michel Temer – que está cada vez mais próximo da equipe de transição do futuro governo petista – repercutiu nas redes e foi um dos assuntos mais commentados no Twittter.
A deputada federal reeleita pelo Distrito Federal Erka Kokay (PT-DF) comparou o valor de R$ 375 bilhões deixados em reserva pelos governos petista Lula e Dilma Rousseff e do rombo fiscal deixado por Bolsonaro e questionou: “Quem foi que quebrou o Brasil?”.
Lula e Dilma deixaram US$ 375 bilhões em reservas.
— Erika Kokay (@erikakokay) November 4, 2022
Bolsonaro vai deixar um rombo fiscal de R$ 400 bilhões.
Quem foi que quebrou o Brasil?
O jornalista George Marques lembrou que a proposta de Bolsonaro para 2023 não incluiu no orçamento verbas para a Farmácia Popular, para o Bolsa Família, moradia e merenda escolar. “Jair quebrou o Brasil”, escreveu.
https://twitter.com/GeorgMarques/status/1588639940489154560
Risco Brasil
Questionado sobre a situação fiscal que o governo Bolsonaro deixará para a gestão Lula, que se iniciará em 2023, Meirelles defendeu a reforma administrativa e falou em “excepcionalidade” para acomodar o orçamento, criando novas regras fiscais.
“Me perguntaram se o teto de gastos estava desmoralizado, eu digo ‘não’. O que está desmoralizado é a presente política fiscal que não seguiu o teto de gastos, por isso nós temos um risco Brasil elevado”, emendou.
Apesar de ser defensor do teto de gastos, Meirelles já sinaliza favorável a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição, que pode elevar o teto de gastos para honrar o compromisso de Lula manter o Bolsa Família em R$ 600, conceder aumento real ainda mais elevado do salário mínimo, reajuste da Farmácia Popular, merenda escolar e o programa Minha Casa, Minha Vida.
PEC da Transição
A equipe de transição, comandada pelo vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), pela presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, e pelo coordenador da campanha, Aloizio Mercadante, se reúne com Lula na segunda-feira (7) para fechar a proposta, que incluirá ainda a manutenção do valor do Bolsa Família – nome original do Auxílio Brasil -, além de contemplar o Minha Casa, Minha Vida, reajuste do Farmácia Popular e merenda escolar.
O vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), foi nomeado para comandar o governo de transição até a posse de Lula, que acontece no dia 1º de Janeiro de 2023.
Lula quer aproveitar a PEC da Transição, que pode elevar o teto de gastos, para honrar compromissos de reajustes de programas que considera urgentes. No Congresso, a PEC deve passar pelas negociações em torno da presidência das duas Casas.
Com informações do portal O Cafezinho
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