Por Mariana Rosa

Por que é preciso reivindicar educação inclusiva em pleno século XXI? A resposta é simples: porque, por muito tempo, a escola foi para poucos.

Primeiro, os indígenas foram submetidos ao processo de evangelização e instrução, para que abandonassem sua forma “primitiva” de viver e se integrassem à “civilização”. Daí em diante, as primeiras escolas de que temos notícias no Brasil, desde a época da colônia, eram destinadas às famílias abastadas, de pessoas brancas. Apenas os meninos tinham direito a frequentá-las. As meninas vieram a ter acesso tempos depois, mas separadas dos meninos. A população pobre e majoritariamente negra, em razão de nossa herança escravocrata, só veio a ter esse direito centenas de anos depois.

E as pessoas com deficiência? Bem, esses foram os últimos a terem acesso à escola comum, há pouco mais de trinta anos. Se colocarmos reparo, nossa sociedade se constituiu com muito mais experiência em segregação e exclusão do que em equidade e inclusão. Isso explica por que pensar a educação inclusiva significa passar a escola a limpo, pensar o currículo, as práticas pedagógicas, a avaliação, os tempos, os recursos, de modo que ela possa vir a corresponder aos anseios e aos marcos civilizatórios da sociedade do século XXI. Segregar o aluno com deficiência é puni-lo pela incompetência do Estado. É preciso mudar a escola, e não mudar de escola.