“Nem de esquerda, nem de direita”. Se isentar é delirante!
As redes e as polêmicas envolvendo celebridades ajudam a entender que ficar “em silêncio” hoje em meio a uma catástrofe política e humanitária é socialmente inaceitável
Se isentar é delirante! A cultura do cancelamento não basta em uma democracia, mas as redes e as polêmicas envolvendo celebridades ajudam a entender que ficar “em silêncio” hoje em meio a uma catástrofe política e humanitária é socialmente inaceitável.
“Não sou bolsominon, não apoio os ideais arrogantes de extrema direita e nem apoio os delírios comunistas da extrema esquerda”.
A atriz Juliana Paes lançou um “movimento” inusitado: a manifestação pelo direito à não manifestação! O protesto pelo direito ao não protesto e a omissão.
Um vídeo-manifesto que toma partido para não tomar partido em um país que não está “dividido” ou polarizado simplesmente, está estraçalhado.
Quando milhares de brasileiros têm que se manifestar para defender a vida, a vacina, o auxílio emergencial, as universidades públicas, os povos indígenas, a juventude negra, a cultura, o meio ambiente, etc se isentar é que é delirante!
A omissão e isenção nesse momento são um real extremismo, sempre foram. Quando não são um bolsonarismo enrustido ou envergonhado.
E esses “comunistas delirantes”? Onde vivem? O que comem? Quem explica pra ela que o “comunismo brasileiro” é um delírio da extrema direita?
Quem explica pra ela que nós não conseguimos nem ser capitalistas direito? Temos um capitalismo mafioso/miliciano e neoescravocrata.
Mas Juliana Paes tem razão em uma coisa, não é só ela que pensa assim! “Eu estou no lugar do desamparo”.
“Quero respeito, acolhimento a todas as causas minoritárias, mas quero que isso aconteça independentemente de ideologia política. Eu quero respeito, equidade, empatia entre as mulheres”, etc
Quem explica pra ela que isso tudo não é uma operação mágica “independentemente” de política? E quanto mais Julianas e artistas e todos e todas se manifestarem, se posicionarem mais chances dessas mudanças acontecerem. Porque 460 mil brasileiros mortos estes sim não podem mais falar.
A cultura do cancelamento é muito cruel e fulminante, mas também é pedagógica. Em uma democracia em agonia quem não se posicionar já se posicionou!