Acho hoje que o otimismo que me acompanha desde o impeachment da presidenta Dilma é na verdade um tipo de realismo, que sintetiza razão e intuição.

Sempre considerei, mesmos nos momentos mais difíceis da tragédia que o país está vivenciando, que o Brasil era muito maior do que esse projeto político medíocre que a extrema direita e os neoliberais estão tentando impor ao país.

Sempre trabalhei com essa idéia do PT liderar a retomada da normalidade democrática sem tutelas e sem interdições artificiais que retiram do povo brasileiro o direito de escolher seu destino e seu futuro.

E, mais ainda, da importância incontornável da liderança de Lula.

E, venho defendendo que a esquerda e os setores democráticos da sociedade deveriam se preparar para voltar ao governo. Precisamos constituir urgentemente uma frente democrática para dar sustentação social e política ao processo de reconquista da democracia.

Considero necessário uma reflexão sobre nossa experiência de governo, sem nenhum receio em apontar erros cometidos e principalmente, uma atualização programática para servir de guia e carta de navegação para o futuro governo que vai por fim a esse eclipse político, social e econômico que estamos vivendo no país.

É inevitável a polarisação com a direita em 22 (neoliberais e fascistas) e acredito também que deveremos trabalhar com a hipótese principal de Lula ser o candidato dessa frente.

Mas sem descuidar de imantar já um nome que seria uma alternativa para caso isso não possa aconteçer.

É muto interessante e sintomático constatar como a simples possibilidade de Lula disputar as eleições mudou tudo no Brasil e o projeto necropolítico e neoliberal ficou mais exposto em toda a sua fragilidade e toxidade.

A decisão do ministro Fachin praticamente devolveu a Lula o seu devido lugar na disputa de 22, como o mais capaz de organizar o cenário e unir as forças de oposição ao atual governo.

Apesar de toda a manipulação da opinião pública e do que conseguiram de demonização e estigmatização da imagem do ex-presidente, o momento é outro. Não tem ninguém na política brasileira mais bem posicionado do que o ex-metalúrgico e ex-presidente para liderar esse difícil processo de recuperar o futuro do Brasil.

Lula é tudo, menos um radical. Como ele mesmo diz, não é para ninguém ter medo. E, a verdade, é que está ficando claro para muita gente que a solução do país passa por ele.

Acho até que uma pitadinha de sal, na medida certa, daquelas que as boas cozinheiras e chefes acrescentam no final para chegar ao ideal e não estragar o prato. O tornaria mais palatável e sua volta ao governo mais forte, para fazer algumas mudanças que a sociedade demanda.

Lula no páreo esvaziou a bola dos que estavam querendo inflar a direita não bolsonarista. Seria o projeto neoliberal maquiado, o chamado mercado se livrando da sua ala mais fascista, abertamente comprometida com a necropolítica e completamente avessa à democracia.

Seria um lado do governo Bolsonaro, sem a caricatura dos milicianos fascistas… e a preservação do projeto que está sendo implementado por Guedes e defendido pela FIESP, pela FEBRABAN, os generais etc..

Vamos ter muita luta política pela frente, muita, mas as coisas estão ficando mais claras depois do anúncio da volta de Lula.

A disputa será de projetos para o Brasil e é mais provável que o segundo turno seja Lula x Bolsonaro.

Mas, se Bolsonaro continuar caindo, pode ser outra polarização. Lula ou o PT tende a estar no segundo turno, mesmo com outro concorrente.

Muita água vai correr embaixo dessa ponte daqui até lá. A suspeição de Moro pode não progredir no STF para tentarem manter Lula fora do páreo.

Acho difícil, mas se isso acontecer, Lula vai poder ungir quem vai substituí-lo como o candidato com toda a carga simbólica necessária para vencer as eleições.

Nada está dado, temos tendências se consolidando. E o enfrentamento tende a se acirrar.

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