Por que a renda emergencial é tarefa do feminismo popular?
A Câmara Municipal de SP vota nesta semana alterações na proposta de prorrogação da renda de 100,00 por três meses feita pelo prefeito Bruno Covas. Nós, da Bancada Feminista, colocamos nossos esforços na aprovação da regra que dobra esse valor para mulheres que são mães, sustentam e cuidam sozinhas de seus filhos em São Paulo.
Na coluna desta semana, seguimos relatando nossa luta pela renda básica emergencial no município de São Paulo. A Câmara Municipal vota nesta semana alterações na proposta de prorrogação da renda de 100,00 por três meses feita pelo prefeito Bruno Covas. Nós, da Bancada Feminista, colocamos nossos esforços na aprovação da regra que dobra esse valor para mulheres que são mães, sustentam e cuidam sozinhas de seus filhos em São Paulo.
Essa é uma realidade que grita nos dados nacionais do IBGE: 12 milhões de mães criam solitariamente seus filhos, sendo mais de 64% aquelas que vivem abaixo da linha da pobreza. Não à toa, 90% dos cadastros do Programa Bolsa Família são de mulheres responsáveis economicamente pela família e 68% delas são negras.
No Estado de São Paulo, o Cadastro Único do Programa aponta mais de 1,1 milhão de mulheres beneficiárias que sustentam, em situação de alta vulnerabilidade, suas famílias monoparentais. Estima-se que, na cidade de São Paulo, 12% das famílias sejam de mulheres que cuidam sozinhas de seus filhos com menos de um salário mínimo.
Enfrentar o problema da alta do desemprego e da miséria na cidade exige enxergar qual a cor, o gênero e o lugar da fome. As mulheres negras, periféricas, que sobrevivem e lutam pela sobrevivência de seus filhos pelo seu trabalho – com frequência, profundamente precarizado e superexplorado – são a realidade material que é por vezes ofuscada na frieza dos dados: além de serem o grupo social mais pobre, também estão em maior número nos bairros onde mais pessoas morreram pela covid-19 – Brasilândia, Sapopemba, Grajaú e Capão Redondo.
A bandeira de um auxílio emergencial municipal, que tenha um valor adequado ao aumento de preços dos alimentos (com R$100,00 é só possível comprar um botijão de gás e praticamente mais nada!), que atenda, com os critérios mais amplos possíveis, as famílias pobres, e que dobre sua parcela mensal para mães solo é uma bandeira de justiça social da cidade no contexto crítico da pandemia. É, sobretudo, uma tarefa urgente do nosso feminismo popular.